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From Biblia: Os Quatro Evangelhos e os Salmos
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9 Perdão e cura de um paralítico (Mc 2,1-12; Lc 5,17-26) – 1Subindo para um barco, Ele atravessou para a outra margem e veio para a sua própria cidade<ref name="ftn231">A sua cidade era Cafarnaum (''Kēpher Nahûm''), nas margens do Lago de Tiberíades.</ref>. 2E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado num catre. Jesus, ao ver a fé deles, disse ao paralítico: «Tem coragem, filho! Os teus pecados estão perdoados». 3E eis que alguns dos doutores da lei disseram entre si: «Este está a blasfemar!». 4Jesus, ao ver os seus pensamentos, disse: «Porque tendes tão maus pensamentos nos vossos corações? 5O que é pois mais fácil, dizer: “Os teus pecados estão perdoados”, ou dizer: “Levanta-te e anda”? 6Mas para que saibais que o Filho do Homem tem, sobre a terra, autoridade para perdoar pecados:» – disse, então, ao paralítico – «Levanta-te, toma o teu catre e vai para a tua casa». 7E ele, levantando-se, foi para a sua casa. 8Ao verem isto, as multidões ficaram com medo e glorificaram Deus que dá aos homens uma tal autoridade.
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9 Perdão e cura de um paralítico (Mc 2,1-12; Lc 5,17-26) – <span style="color:red"><sup>1</sup></span>Subindo para um barco, Ele atravessou para a outra margem e veio para a sua própria cidade<ref name="ftn95">A sua cidade era Cafarnaum (''Kēpher Nahûm''), nas margens do Lago de Tiberíades.</ref>. <span style="color:red"><sup>2</sup></span>E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado num catre. Jesus, ao ver a fé deles, disse ao paralítico: «Tem coragem, filho! Os teus pecados estão perdoados». <span style="color:red"><sup>3</sup></span>E eis que alguns dos doutores da lei disseram entre si: «Este está a blasfemar!». <span style="color:red"><sup>4</sup></span>Jesus, ao ver os seus pensamentos, disse: «Porque tendes tão maus pensamentos nos vossos corações? <span style="color:red"><sup>5</sup></span>O que é pois mais fácil, dizer: "Os teus pecados estão perdoados", ou dizer: "Levanta-te e anda"? <span style="color:red"><sup>6</sup></span>Mas para que saibais que o Filho do Homem tem, sobre a terra, autoridade para perdoar pecados:» – disse, então, ao paralítico – «Levanta-te, toma o teu catre e vai para a tua casa». <span style="color:red"><sup>7</sup></span>E ele, levantando-se, foi para a sua casa. <span style="color:red"><sup>8</sup></span>Ao verem isto, as multidões ficaram com medo e glorificaram Deus que dá aos homens uma tal autoridade.
  
Chamamento de Mateus. Os publicanos e pecadores (Mc 2,13-17; Lc 5,27-32) – 9Ao prosseguir dali, Jesus viu um homem, chamado Mateus<ref name="ftn230">Mc e Lc chamam-lhe ''Levi, filho de Alfeu''. O seu nome aparece nas listas dos apóstolos (10,3).</ref>, sentado no posto de cobrança de impostos, e disse-lhe: «Segue-me». E ele, levantando-se, seguiu-o<ref name="ftn229">Os publicanos eram funcionários do império romano para a cobrança dos impostos de mercadorias transportadas de uma província para outra. Na Palestina de então, havia dois postos fronteiriços: o de Cafarnaum, ao Norte, na passagem da Palestina para a Síria, e o de Jericó, ao Sul, na passagem para a Transjordânia. Os publicanos eram vistos pelos judeus ortodoxos como pecadores e gente impura pelo colaboracionismo com os romanos, por causa de alguns produtos transacionáveis e pelos abusos e injustiças nas cobranças dos impostos.</ref>.
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Chamamento de Mateus. Os publicanos e pecadores (Mc 2,13-17; Lc 5,27-32) – <span style="color:red"><sup>9</sup></span>Ao prosseguir dali, Jesus viu um homem, chamado Mateus<ref name="ftn96">Mc e Lc chamam-lhe ''Levi, filho de Alfeu''. O seu nome aparece nas listas dos apóstolos (10,3).</ref>, sentado no posto de cobrança de impostos, e disse-lhe: «Segue-me». E ele, levantando-se, seguiu-o<ref name="ftn97">Os publicanos eram funcionários do império romano para a cobrança dos impostos de mercadorias transportadas de uma província para outra. Na Palestina de então, havia dois postos fronteiriços: o de Cafarnaum, ao Norte, na passagem da Palestina para a Síria, e o de Jericó, ao Sul, na passagem para a Transjordânia. Os publicanos eram vistos pelos judeus ortodoxos como pecadores e gente impura pelo colaboracionismo com os romanos, por causa de alguns produtos transacionáveis e pelos abusos e injustiças nas cobranças dos impostos.</ref>.
  
10E aconteceu que, estando Ele reclinado à mesa, em casa, muitos publicanos e pecadores foram reclinar-se à mesa com Jesus e com os seus discípulos. 11Ao verem isto, os fariseus diziam aos discípulos dele: «Por que razão come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?». 12Mas Ele, ouvindo, disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que têm algum mal. 13Ide aprender o que significa: ''Quero misericórdia e não sacrifício<ref name="ftn228">Os 6,6.</ref>''<nowiki>;</nowiki>'' pois'' ''não vim chamar os justos, mas os pecadores».
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<span style="color:red"><sup>10</sup></span>E aconteceu que, estando Ele reclinado à mesa, em casa, muitos publicanos e pecadores foram reclinar-se à mesa com Jesus e com os seus discípulos. <span style="color:red"><sup>11</sup></span>Ao verem isto, os fariseus diziam aos discípulos dele: «Por que razão come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?». <span style="color:red"><sup>12</sup></span>Mas Ele, ouvindo, disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que têm algum mal. <span style="color:red"><sup>13</sup></span>Ide aprender o que significa: ''Quero misericórdia e não sacrifício''<ref name="ftn98">Os 6,6.</ref>''<nowiki>;</nowiki>'' pois'' ''não vim chamar os justos, mas os pecadores».
  
  
O jejum (Mc 2,18-20; Lc 5,33-35) – 14Vieram, então, ter com Ele os discípulos de João, dizendo: «Por que razão nós e os fariseus jejuamos muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?». 15Disse-lhes Jesus: «Poderão os convidados da boda<ref name="ftn227">Lit.: ''os filhos do quarto nupcial'' ou ''os filhos da sala nupcial''. Pode indicar quer os amigos do noivo, quer os convidados para as núpcias em sentido geral.</ref> lamentar-se, enquanto o noivo está com eles? Mas dias virão em que o noivo lhes será tirado, e então hão de jejuar.  
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O jejum (Mc 2,18-20; Lc 5,33-35) – <span style="color:red"><sup>14</sup></span>Vieram, então, ter com Ele os discípulos de João, dizendo: «Por que razão nós e os fariseus jejuamos muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?». <span style="color:red"><sup>15</sup></span>Disse-lhes Jesus: «Poderão os convidados da boda<ref name="ftn99">Lit.: ''os filhos do quarto nupcial'' ou ''os filhos da sala nupcial''. Pode indicar quer os amigos do noivo, quer os convidados para as núpcias em sentido geral.</ref> lamentar-se, enquanto o noivo está com eles? Mas dias virão em que o noivo lhes será tirado, e então hão de jejuar.  
  
  
O velho e o novo (Mc 2,21s; Lc 5,36-38) – 16«Ninguém põe um remendo de tecido cru em veste velha, pois o acrescento novo repuxa a veste e o rasgão torna-se pior. 17Nem se deita vinho novo em odres velhos, senão os odres rompem-se, o vinho derrama-se no chão e os odres perdem-se; pelo contrário, põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam».  
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O velho e o novo (Mc 2,21s; Lc 5,36-38) – <span style="color:red"><sup>16</sup></span>«Ninguém põe um remendo de tecido cru em veste velha, pois o acrescento novo repuxa a veste e o rasgão torna-se pior. <span style="color:red"><sup>17</sup></span>Nem se deita vinho novo em odres velhos, senão os odres rompem-se, o vinho derrama-se no chão e os odres perdem-se; pelo contrário, põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam».  
  
  
Cura da mulher que sofria de hemorragias e ressurreição de uma menina (Mc 5,21-43; Lc 8,40-56) – 18Enquanto Ele lhes falava, eis que um chefe<ref name="ftn226">Em Mt trata-se da cura da filha ''de um chefe''. Em Mc 5,22, o pai da criança é apresentado como ''um dos chefes da sinagoga, de nome Jairo'' (cf. Lc 8,41). Sobre a mulher com o fluxo de sangue, cf. Lv 15,19-31. Jesus elimina o sistema estrutural da impureza legal, sobretudo quando ligado ao sangue.</ref> veio ajoelhar-se diante dele, dizendo: «A minha filha acaba de morrer, mas vem impor sobre ela a tua mão, e viverá». 19Jesus, levantando-se, seguiu-o, bem como os seus discípulos.  
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Cura da mulher que sofria de hemorragias e ressurreição de uma menina (Mc 5,21-43; Lc 8,40-56) – <span style="color:red"><sup>18</sup></span>Enquanto Ele lhes falava, eis que um chefe<ref name="ftn100">Em Mt trata-se da cura da filha ''de um chefe''. Em Mc 5,22, o pai da criança é apresentado como ''um dos chefes da sinagoga, de nome Jairo'' (cf. Lc 8,41). Sobre a mulher com o fluxo de sangue, cf. Lv 15,19-31. Jesus elimina o sistema estrutural da impureza legal, sobretudo quando ligado ao sangue.</ref> veio ajoelhar-se diante dele, dizendo: «A minha filha acaba de morrer, mas vem impor sobre ela a tua mão, e viverá». <span style="color:red"><sup>19</sup></span>Jesus, levantando-se, seguiu-o, bem como os seus discípulos.  
  
20Entretanto, eis que uma mulher, que há doze anos sofria de hemorragias, se aproximou por trás e tocou na franja da sua veste<ref name="ftn225">O fluxo de sangue menstrual, segundo Lv 25, tornava a mulher impura e também os que a tocassem.</ref>, 21pois dizia para consigo: «Se ao menos tocar a sua veste, ficarei salva». 22Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: «Tem coragem, filha, a tua fé te salvou». E a mulher ficou salva a partir daquela hora.  
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<span style="color:red"><sup>20</sup></span>Entretanto, eis que uma mulher, que há doze anos sofria de hemorragias, se aproximou por trás e tocou na franja da sua veste<ref name="ftn101">O fluxo de sangue menstrual, segundo Lv 25, tornava a mulher impura e também os que a tocassem.</ref>, <span style="color:red"><sup>21</sup></span>pois dizia para consigo: «Se ao menos tocar a sua veste, ficarei salva». <span style="color:red"><sup>22</sup></span>Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: «Tem coragem, filha, a tua fé te salvou». E a mulher ficou salva a partir daquela hora.  
  
23Jesus, tendo chegado à casa do chefe, ao ver os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, 24dizia: «Retirai-vos, pois a menina não morreu, mas está a dormir». E riam-se dele. 25Depois de a multidão ter sido expulsa, Ele entrou, agarrou-lhe a mão, e a menina ergueu-se. 26E por toda aquela terra se divulgou esta notícia.
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<span style="color:red"><sup>23</sup></span>Jesus, tendo chegado à casa do chefe, ao ver os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, <span style="color:red"><sup>24</sup></span>dizia: «Retirai-vos, pois a menina não morreu, mas está a dormir». E riam-se dele. <span style="color:red"><sup>25</sup></span>Depois de a multidão ter sido expulsa, Ele entrou, agarrou-lhe a mão, e a menina ergueu-se. <span style="color:red"><sup>26</sup></span>E por toda aquela terra se divulgou esta notícia.
  
Cura de dois cegos – 27Ao prosseguir Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que gritavam e diziam: «Tem misericórdia de nós, filho de David!»<ref name="ftn224">É a primeira vez que este título do Messias é aplicado a Jesus (15,22; 20,30s; 21,9.15).</ref>. 28Ao chegar a casa, os cegos foram ter com Ele; e disse-lhes Jesus: «Acreditais que o posso fazer?». Disseram-lhe: «Sim, Senhor!». 29Tocou-lhes, então, nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé». 30E os olhos abriram-se-lhes. Jesus, porém, ordenou-lhes severamente, dizendo: «Vede bem: que ninguém o saiba!». 31Mas eles, ao sair, espalharam a fama de Jesus por toda aquela terra.
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Cura de dois cegos – <span style="color:red"><sup>27</sup></span>Ao prosseguir Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que gritavam e diziam: «Tem misericórdia de nós, filho de David!»<ref name="ftn102">É a primeira vez que este título do Messias é aplicado a Jesus (15,22; 20,30s; 21,9.15).</ref>. <span style="color:red"><sup>28</sup></span>Ao chegar a casa, os cegos foram ter com Ele; e disse-lhes Jesus: «Acreditais que o posso fazer?». Disseram-lhe: «Sim, Senhor!». <span style="color:red"><sup>29</sup></span>Tocou-lhes, então, nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé». <span style="color:red"><sup>30</sup></span>E os olhos abriram-se-lhes. Jesus, porém, ordenou-lhes severamente, dizendo: «Vede bem: que ninguém o saiba!». <span style="color:red"><sup>31</sup></span>Mas eles, ao sair, espalharam a fama de Jesus por toda aquela terra.
  
  
Cura de um endemoniado (Lc 11,14s) – 32Estavam eles a sair, e eis que lhe trouxeram um homem mudo endemoniado. 33E, expulso o demónio, o mudo falou. As multidões admiravam-se, dizendo: «Nunca se viu em Israel uma coisa assim!». 34Mas os fariseus diziam: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios!».  
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Cura de um endemoniado (Lc 11,14s) – <span style="color:red"><sup>32</sup></span>Estavam eles a sair, e eis que lhe trouxeram um homem mudo endemoniado. <span style="color:red"><sup>33</sup></span>E, expulso o demónio, o mudo falou. As multidões admiravam-se, dizendo: «Nunca se viu em Israel uma coisa assim!». <span style="color:red"><sup>34</sup></span>Mas os fariseus diziam: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios!».  
  
Os trabalhadores da seara (Mc 6,6.34; Lc 8,1; 10,2) – 35Jesus percorria todas as cidades e povoações, ensinando nas suas sinagogas, proclamando o evangelho do reino e curando toda a doença e toda a enfermidade<ref name="ftn223">Trata-se de um sumário de Mt (cf. 4,23-25), que faz a transição entre a missão de Jesus e a dos apóstolos (cap.10).</ref>. 36Ao ver as multidões, compadeceu-se profundamente delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor. 37Então disse aos seus discípulos: «A seara<ref name="ftn222">O grego ''therismós'' diz respeito ao ato de colher no tempo próprio e, por extensão de sentido, à própria seara.</ref> é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara».
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Os trabalhadores da seara (Mc 6,6.34; Lc 8,1; 10,2) – <span style="color:red"><sup>35</sup></span>Jesus percorria todas as cidades e povoações, ensinando nas suas sinagogas, proclamando o evangelho do reino e curando toda a doença e toda a enfermidade<ref name="ftn103">Trata-se de um sumário de Mt (cf. 4,23-25), que faz a transição entre a missão de Jesus e a dos apóstolos (cap.10).</ref>. <span style="color:red"><sup>36</sup></span>Ao ver as multidões, compadeceu-se profundamente delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor. <span style="color:red"><sup>37</sup></span>Então disse aos seus discípulos: «A seara<ref name="ftn104">O grego ''therismós'' diz respeito ao ato de colher no tempo próprio e, por extensão de sentido, à própria seara.</ref> é grande, mas os trabalhadores são poucos. <span style="color:red"><sup>38</sup></span>Pedi, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara».
  
  

Revision as of 11:24, 14 December 2019

9 Perdão e cura de um paralítico (Mc 2,1-12; Lc 5,17-26) – 1Subindo para um barco, Ele atravessou para a outra margem e veio para a sua própria cidade[1]. 2E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado num catre. Jesus, ao ver a fé deles, disse ao paralítico: «Tem coragem, filho! Os teus pecados estão perdoados». 3E eis que alguns dos doutores da lei disseram entre si: «Este está a blasfemar!». 4Jesus, ao ver os seus pensamentos, disse: «Porque tendes tão maus pensamentos nos vossos corações? 5O que é pois mais fácil, dizer: "Os teus pecados estão perdoados", ou dizer: "Levanta-te e anda"? 6Mas para que saibais que o Filho do Homem tem, sobre a terra, autoridade para perdoar pecados:» – disse, então, ao paralítico – «Levanta-te, toma o teu catre e vai para a tua casa». 7E ele, levantando-se, foi para a sua casa. 8Ao verem isto, as multidões ficaram com medo e glorificaram Deus que dá aos homens uma tal autoridade.

Chamamento de Mateus. Os publicanos e pecadores (Mc 2,13-17; Lc 5,27-32) – 9Ao prosseguir dali, Jesus viu um homem, chamado Mateus[2], sentado no posto de cobrança de impostos, e disse-lhe: «Segue-me». E ele, levantando-se, seguiu-o[3].

10E aconteceu que, estando Ele reclinado à mesa, em casa, muitos publicanos e pecadores foram reclinar-se à mesa com Jesus e com os seus discípulos. 11Ao verem isto, os fariseus diziam aos discípulos dele: «Por que razão come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?». 12Mas Ele, ouvindo, disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que têm algum mal. 13Ide aprender o que significa: Quero misericórdia e não sacrifício[4]; pois não vim chamar os justos, mas os pecadores».


O jejum (Mc 2,18-20; Lc 5,33-35) – 14Vieram, então, ter com Ele os discípulos de João, dizendo: «Por que razão nós e os fariseus jejuamos muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?». 15Disse-lhes Jesus: «Poderão os convidados da boda[5] lamentar-se, enquanto o noivo está com eles? Mas dias virão em que o noivo lhes será tirado, e então hão de jejuar.


O velho e o novo (Mc 2,21s; Lc 5,36-38) – 16«Ninguém põe um remendo de tecido cru em veste velha, pois o acrescento novo repuxa a veste e o rasgão torna-se pior. 17Nem se deita vinho novo em odres velhos, senão os odres rompem-se, o vinho derrama-se no chão e os odres perdem-se; pelo contrário, põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam».


Cura da mulher que sofria de hemorragias e ressurreição de uma menina (Mc 5,21-43; Lc 8,40-56) – 18Enquanto Ele lhes falava, eis que um chefe[6] veio ajoelhar-se diante dele, dizendo: «A minha filha acaba de morrer, mas vem impor sobre ela a tua mão, e viverá». 19Jesus, levantando-se, seguiu-o, bem como os seus discípulos.

20Entretanto, eis que uma mulher, que há doze anos sofria de hemorragias, se aproximou por trás e tocou na franja da sua veste[7], 21pois dizia para consigo: «Se ao menos tocar a sua veste, ficarei salva». 22Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: «Tem coragem, filha, a tua fé te salvou». E a mulher ficou salva a partir daquela hora.

23Jesus, tendo chegado à casa do chefe, ao ver os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, 24dizia: «Retirai-vos, pois a menina não morreu, mas está a dormir». E riam-se dele. 25Depois de a multidão ter sido expulsa, Ele entrou, agarrou-lhe a mão, e a menina ergueu-se. 26E por toda aquela terra se divulgou esta notícia.

Cura de dois cegos – 27Ao prosseguir Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que gritavam e diziam: «Tem misericórdia de nós, filho de David!»[8]. 28Ao chegar a casa, os cegos foram ter com Ele; e disse-lhes Jesus: «Acreditais que o posso fazer?». Disseram-lhe: «Sim, Senhor!». 29Tocou-lhes, então, nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé». 30E os olhos abriram-se-lhes. Jesus, porém, ordenou-lhes severamente, dizendo: «Vede bem: que ninguém o saiba!». 31Mas eles, ao sair, espalharam a fama de Jesus por toda aquela terra.


Cura de um endemoniado (Lc 11,14s) – 32Estavam eles a sair, e eis que lhe trouxeram um homem mudo endemoniado. 33E, expulso o demónio, o mudo falou. As multidões admiravam-se, dizendo: «Nunca se viu em Israel uma coisa assim!». 34Mas os fariseus diziam: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios!».

Os trabalhadores da seara (Mc 6,6.34; Lc 8,1; 10,2) – 35Jesus percorria todas as cidades e povoações, ensinando nas suas sinagogas, proclamando o evangelho do reino e curando toda a doença e toda a enfermidade[9]. 36Ao ver as multidões, compadeceu-se profundamente delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor. 37Então disse aos seus discípulos: «A seara[10] é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara».



  1. A sua cidade era Cafarnaum (Kēpher Nahûm), nas margens do Lago de Tiberíades.
  2. Mc e Lc chamam-lhe Levi, filho de Alfeu. O seu nome aparece nas listas dos apóstolos (10,3).
  3. Os publicanos eram funcionários do império romano para a cobrança dos impostos de mercadorias transportadas de uma província para outra. Na Palestina de então, havia dois postos fronteiriços: o de Cafarnaum, ao Norte, na passagem da Palestina para a Síria, e o de Jericó, ao Sul, na passagem para a Transjordânia. Os publicanos eram vistos pelos judeus ortodoxos como pecadores e gente impura pelo colaboracionismo com os romanos, por causa de alguns produtos transacionáveis e pelos abusos e injustiças nas cobranças dos impostos.
  4. Os 6,6.
  5. Lit.: os filhos do quarto nupcial ou os filhos da sala nupcial. Pode indicar quer os amigos do noivo, quer os convidados para as núpcias em sentido geral.
  6. Em Mt trata-se da cura da filha de um chefe. Em Mc 5,22, o pai da criança é apresentado como um dos chefes da sinagoga, de nome Jairo (cf. Lc 8,41). Sobre a mulher com o fluxo de sangue, cf. Lv 15,19-31. Jesus elimina o sistema estrutural da impureza legal, sobretudo quando ligado ao sangue.
  7. O fluxo de sangue menstrual, segundo Lv 25, tornava a mulher impura e também os que a tocassem.
  8. É a primeira vez que este título do Messias é aplicado a Jesus (15,22; 20,30s; 21,9.15).
  9. Trata-se de um sumário de Mt (cf. 4,23-25), que faz a transição entre a missão de Jesus e a dos apóstolos (cap.10).
  10. O grego therismós diz respeito ao ato de colher no tempo próprio e, por extensão de sentido, à própria seara.



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