Difference between revisions of "Mc 8"

From Biblia: Os Quatro Evangelhos e os Salmos
Jump to navigation Jump to search
 
(2 intermediate revisions by the same user not shown)
Line 1: Line 1:
8 Segunda multiplicação dos pães (Mt 15,32-39) – <span style="color:red"><sup>1</sup></span>Naqueles dias, havendo de novo uma numerosa multidão, que não tinha o que comer, Jesus chamou a si os discípulos e disse-lhes: <span style="color:red"><sup>2</sup></span>«Estou profundamente compadecido da multidão, porque há já três dias que permanecem junto a mim e não têm o que comer. <span style="color:red"><sup>3</sup></span>Se os despedir em jejum para as suas casas, desfalecerão no caminho, pois alguns deles vieram de longe». <span style="color:red"><sup>4</sup></span>Responderam-lhe os seus discípulos: «Como poderá alguém saciá-los com pães aqui, neste deserto?». <span style="color:red"><sup>5</sup></span>Perguntou-lhes Ele: «Quantos pães tendes?». Eles disseram: «Sete». <span style="color:red"><sup>6</sup></span>Ordenou, então, à multidão que se reclinasse sobre a terra. E, tomando os sete pães e dando graças, partiu-os e deu-os aos seus discípulos para que os distribuíssem, e eles distribuíram-nos à multidão. <span style="color:red"><sup>7</sup></span>Tinham também alguns pequenos peixes. Pronunciando, então, a bênção sobre eles, disse que os distribuíssem também. <span style="color:red"><sup>8</sup></span>Comeram e ficaram saciados; e recolheram sete cestos dos pedaços que sobraram. <span style="color:red"><sup>9</sup></span>Eram cerca de quatro mil. Então despediu-os <span style="color:red"><sup>10</sup></span>e, subindo imediatamente para o barco com os seus discípulos, foi para a região de Dalmanutá<ref name="ftn106">Dalmanutá é um lugar desconhecido (Mt 15,39 apresenta Magadán).</ref>.
+
<span style="color:red">Segunda multiplicação dos pães (Mt 15,32-39) – </span><span style="color:red"><sup>1</sup></span>Naqueles dias, havendo de novo uma numerosa multidão, que não tinha o que comer, Jesus chamou a si os discípulos e disse-lhes: <span style="color:red"><sup>2</sup></span>«Estou profundamente compadecido da multidão, porque há já três dias que permanecem junto a mim e não têm o que comer. <span style="color:red"><sup>3</sup></span>Se os despedir em jejum para as suas casas, desfalecerão no caminho, pois alguns deles vieram de longe». <span style="color:red"><sup>4</sup></span>Responderam-lhe os seus discípulos: «Como poderá alguém saciá-los com pães aqui, neste deserto?». <span style="color:red"><sup>5</sup></span>Perguntou-lhes Ele: «Quantos pães tendes?». Eles disseram: «Sete». <span style="color:red"><sup>6</sup></span>Ordenou, então, à multidão que se reclinasse sobre a terra. E, tomando os sete pães e dando graças, partiu-os e deu-os aos seus discípulos para que os distribuíssem, e eles distribuíram-nos à multidão. <span style="color:red"><sup>7</sup></span>Tinham também alguns pequenos peixes. Pronunciando, então, a bênção sobre eles, disse que os distribuíssem também. <span style="color:red"><sup>8</sup></span>Comeram e ficaram saciados; e recolheram sete cestos dos pedaços que sobraram. <span style="color:red"><sup>9</sup></span>Eram cerca de quatro mil. Então despediu-os <span style="color:red"><sup>10</sup></span>e, subindo imediatamente para o barco com os seus discípulos, foi para a região de Dalmanutá<ref name="ftn106">Dalmanutá é um lugar desconhecido (Mt 15,39 apresenta Magadán).</ref>.
  
Os fariseus pedem um sinal do céu (Mt 16,1-4) – <span style="color:red"><sup>11</sup></span>Saíram, então, os fariseus e começaram a debater com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o pôr à prova. <span style="color:red"><sup>12</sup></span>E Ele, suspirando profundamente<ref name="ftn107">Lit.: ''E suspirando no seu espírito''.</ref>, disse: «Porque procura esta geração um sinal? Amen vos digo: nenhum sinal será dado a esta geração!». <span style="color:red"><sup>13</sup></span>E, deixando-os, embarcou de novo e partiu para a outra margem.
 
  
 +
<span style="color:red">Os fariseus pedem um sinal do céu (Mt 16,1-4) – </span><span style="color:red"><sup>11</sup></span>Saíram, então, os fariseus e começaram a debater com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o pôr à prova. <span style="color:red"><sup>12</sup></span>E Ele, suspirando profundamente<ref name="ftn107">Lit.: ''E suspirando no seu espírito''.</ref>, disse: «Porque procura esta geração um sinal? Amen vos digo: nenhum sinal será dado a esta geração!». <span style="color:red"><sup>13</sup></span>E, deixando-os, embarcou de novo e partiu para a outra margem.
  
O fermento dos fariseus e de Herodes. Incompreensão dos discípulos (Mt 16,5-12) – <span style="color:red"><sup>14</sup></span>Esqueceram-se de levar pão e não tinham senão um único pão consigo no barco. <span style="color:red"><sup>15</sup></span>E ele admoestava-os, dizendo: «Vede bem: tomai cuidado<ref name="ftn108">Lit.: ''<nowiki>Vede, olhai de [longe]</nowiki>''.</ref> com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes!». <span style="color:red"><sup>16</sup></span>Mas eles discutiam uns com os outros, porque não tinham pão. <span style="color:red"><sup>17</sup></span>Ele, sabendo-o, disse-lhes: «Porque discutis por não terdes pão? Ainda não compreendeis nem entendeis? Tendes o vosso coração endurecido? <span style="color:red"><sup>18</sup></span>''Tendo olhos não vedes, e tendo ouvidos não ouvis''<ref name="ftn109">Jr 5,21; Ez 12,2. No contexto, Jesus recorda a condenação dos de ''fora'' (4,12) com as palavras de Is 6,9s.</ref>? Não vos lembrais, <span style="color:red"><sup>19</sup></span>quando parti os cinco pães para os cinco mil, de quantas cestas cheias de pedaços recolhestes?». Disseram-lhe: «Doze». <span style="color:red"><sup>20</sup></span>«E quando parti os sete para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?». Disseram-lhe: «Sete». <span style="color:red"><sup>21</sup></span>Dizia-lhes, então: «Ainda não entendeis?».
 
  
 +
<span style="color:red">O fermento dos fariseus e de Herodes. Incompreensão dos discípulos (Mt 16,5-12) – </span><span style="color:red"><sup>14</sup></span>Esqueceram-se de levar pão e não tinham senão um único pão consigo no barco. <span style="color:red"><sup>15</sup></span>E ele admoestava-os, dizendo: «Vede bem: tomai cuidado<ref name="ftn108">Lit.: ''<nowiki>Vede, olhai de [longe]</nowiki>''.</ref> com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes!». <span style="color:red"><sup>16</sup></span>Mas eles discutiam uns com os outros, porque não tinham pão. <span style="color:red"><sup>17</sup></span>Ele, sabendo-o, disse-lhes: «Porque discutis por não terdes pão? Ainda não compreendeis nem entendeis? Tendes o vosso coração endurecido? <span style="color:red"><sup>18</sup></span>''Tendo olhos não vedes, e tendo ouvidos não ouvis''<ref name="ftn109">Jr 5,21; Ez 12,2. No contexto, Jesus recorda a condenação dos de ''fora'' (4,12) com as palavras de Is 6,9s.</ref>? Não vos lembrais, <span style="color:red"><sup>19</sup></span>quando parti os cinco pães para os cinco mil, de quantas cestas cheias de pedaços recolhestes?». Disseram-lhe: «Doze». <span style="color:red"><sup>20</sup></span>«E quando parti os sete para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?». Disseram-lhe: «Sete». <span style="color:red"><sup>21</sup></span>Dizia-lhes, então: «Ainda não entendeis?».
  
O cego de Betsaida – <span style="color:red"><sup>22</sup></span>Foram, então, para Betsaida e trouxeram-lhe um cego, suplicando-lhe que lhe tocasse. <span style="color:red"><sup>23</sup></span>Tomando o cego pela mão, levou-o para fora da povoação. E, tendo-lhe posto saliva nos olhos<ref name="ftn110">Lit.: ''tendo cuspido nos olhos dele''.</ref> e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: «Vês alguma coisa?». <span style="color:red"><sup>24</sup></span>Ao voltar a ver, dizia: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar». <span style="color:red"><sup>25</sup></span>Em seguida, impôs-lhe de novo as mãos sobre os olhos, e começou a ver claramente; ficou restabelecido e via tudo com nitidez. <span style="color:red"><sup>26</sup></span>Enviou-o, então, para sua casa, dizendo: «Não entres sequer na povoação».
 
  
<center>II</center>
+
<span style="color:red">O cego de Betsaida – </span><span style="color:red"><sup>22</sup></span>Foram, então, para Betsaida e trouxeram-lhe um cego, suplicando-lhe que lhe tocasse. <span style="color:red"><sup>23</sup></span>Tomando o cego pela mão, levou-o para fora da povoação. E, tendo-lhe posto saliva nos olhos<ref name="ftn110">Lit.: ''tendo cuspido nos olhos dele''.</ref> e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: «Vês alguma coisa?». <span style="color:red"><sup>24</sup></span>Ao voltar a ver, dizia: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar». <span style="color:red"><sup>25</sup></span>Em seguida, impôs-lhe de novo as mãos sobre os olhos, e começou a ver claramente; ficou restabelecido e via tudo com nitidez. <span style="color:red"><sup>26</sup></span>Enviou-o, então, para sua casa, dizendo: «Não entres sequer na povoação».
  
<center>O CAMINHO PARA A MORTE </center>
 
  
<center>E RESSURREIÇÃO </center>
+
<center><span style="color:red">'''II'''</span></center>
  
<center>(8,27-16,8)</center>
+
<center><span style="color:red">'''O CAMINHO PARA A MORTE E RESSURREIÇÃO'''</span></center>
  
 +
<center><span style="color:red">'''(8,27-16,8)'''</span></center>
  
<center>''A. O CAMINHO ''</center>
 
  
<center>(8,27-10,52)</center>
+
<center><span style="color:red">''A. O CAMINHO ''</span></center>
  
 +
<center><span style="color:red">(8,27-10,52)</span></center>
  
Declaração messiânica de Pedro (Mt 16,13-20; Lc 9,18-21) – <span style="color:red"><sup>27</sup></span>Jesus saiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. E, no caminho, interrogava os seus discípulos, dizendo-lhes: «Quem dizem os homens que Eu sou?». <span style="color:red"><sup>28</sup></span>Eles disseram-lhe<ref name="ftn111">Lit.: ''Eles disseram-lhe, dizendo''.</ref>: «João Batista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». <span style="color:red"><sup>29</sup></span>E Ele interrogava-os: «Vós, porém, quem dizeis que Eu sou?». Respondendo, Pedro disse-lhe: «Tu és o Cristo». <span style="color:red"><sup>30</sup></span>Então repreendeu-os severamente para que não falassem acerca dele a ninguém.
 
  
 +
<span style="color:red">Declaração messiânica de Pedro (Mt 16,13-20; Lc 9,18-21) – </span><span style="color:red"><sup>27</sup></span>Jesus saiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. E, no caminho, interrogava os seus discípulos, dizendo-lhes: «Quem dizem os homens que Eu sou?». <span style="color:red"><sup>28</sup></span>Eles disseram-lhe<ref name="ftn111">Lit.: ''Eles disseram-lhe, dizendo''.</ref>: «João Batista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». <span style="color:red"><sup>29</sup></span>E Ele interrogava-os: «Vós, porém, quem dizeis que Eu sou?». Respondendo, Pedro disse-lhe: «Tu és o Cristo». <span style="color:red"><sup>30</sup></span>Então repreendeu-os severamente para que não falassem acerca dele a ninguém.
  
Primeiro anúncio da paixão e ressurreição, e reação de Pedro (Mt 16,21-23; Lc 9,22) – <span style="color:red"><sup>31</sup></span>E começou a ensinar-lhes: «É necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos doutores da lei, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar». <span style="color:red"><sup>32</sup></span>E dizia-lhes isto<ref name="ftn112">Lit.: ''falava a palavra''.</ref> com clareza.  
+
 
 +
<span style="color:red">Primeiro anúncio da paixão e ressurreição, e reação de Pedro (Mt 16,21-23; Lc 9,22) – </span><span style="color:red"><sup>31</sup></span>E começou a ensinar-lhes: «É necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos doutores da lei, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar». <span style="color:red"><sup>32</sup></span>E dizia-lhes isto<ref name="ftn112">Lit.: ''falava a palavra''.</ref> com clareza.  
  
 
Então Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo severamente. <span style="color:red"><sup>33</sup></span>Mas Ele, voltando-se e vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro severamente e disse: «Vai para trás de mim<ref name="ftn113">É a mesma expressão com que Jesus chamou Pedro junto ao mar da Galileia (1,17). O lugar do discípulo é ''atrás de'' Jesus, percorrendo o mesmo caminho do seu Senhor, que implica a glória da ressurreição, mas também a paixão e morte. Pedro não quer e atravessa-se (tal como o Diabo) no caminho do Mestre e nos desígnios de Deus; tem a ousadia de ''repreender severamente'' Jesus (o verbo usado é o mesmo que expressa as ordens que Jesus dá aos espíritos impuros). Jesus recorda-lhe qual é o seu lugar, voltando, com a mesma expressão, a chamá-lo ao discipulado fiel, e deixa bem claro à multidão e aos que o seguem (também ao leitor) o que implica ser seu discípulo: ''seguir atrás dele'' (repare-se no pleonasmo, que enfatiza o ''lugar'' do discípulo), abandonando os critérios humanos e abraçando a cruz.</ref>, Satanás, porque não tens em mente as coisas de Deus, mas as dos homens!».  
 
Então Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo severamente. <span style="color:red"><sup>33</sup></span>Mas Ele, voltando-se e vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro severamente e disse: «Vai para trás de mim<ref name="ftn113">É a mesma expressão com que Jesus chamou Pedro junto ao mar da Galileia (1,17). O lugar do discípulo é ''atrás de'' Jesus, percorrendo o mesmo caminho do seu Senhor, que implica a glória da ressurreição, mas também a paixão e morte. Pedro não quer e atravessa-se (tal como o Diabo) no caminho do Mestre e nos desígnios de Deus; tem a ousadia de ''repreender severamente'' Jesus (o verbo usado é o mesmo que expressa as ordens que Jesus dá aos espíritos impuros). Jesus recorda-lhe qual é o seu lugar, voltando, com a mesma expressão, a chamá-lo ao discipulado fiel, e deixa bem claro à multidão e aos que o seguem (também ao leitor) o que implica ser seu discípulo: ''seguir atrás dele'' (repare-se no pleonasmo, que enfatiza o ''lugar'' do discípulo), abandonando os critérios humanos e abraçando a cruz.</ref>, Satanás, porque não tens em mente as coisas de Deus, mas as dos homens!».  
  
  
Condições para seguir Jesus (Mt 16,24-28; Lc 9,23-27) – <span style="color:red"><sup>34</sup></span>E, chamando a si a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quer seguir atrás de mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. <span style="color:red"><sup>35</sup></span>Pois aquele que quiser salvar a sua vida há de perdê-la, mas aquele que perder a sua vida por causa de mim e do evangelho há de salvá-la. <span style="color:red"><sup>36</sup></span>Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se arruinar a sua vida? <span style="color:red"><sup>37</sup></span>Pois que daria um homem em troca da sua vida? <span style="color:red"><sup>38</sup></span>Portanto, aquele que se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai, com os anjos santos».
+
<span style="color:red">Condições para seguir Jesus (Mt 16,24-28; Lc 9,23-27) – </span><span style="color:red"><sup>34</sup></span>E, chamando a si a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quer seguir atrás de mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. <span style="color:red"><sup>35</sup></span>Pois aquele que quiser salvar a sua vida há de perdê-la, mas aquele que perder a sua vida por causa de mim e do evangelho há de salvá-la. <span style="color:red"><sup>36</sup></span>Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se arruinar a sua vida? <span style="color:red"><sup>37</sup></span>Pois que daria um homem em troca da sua vida? <span style="color:red"><sup>38</sup></span>Portanto, aquele que se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai, com os anjos santos».
 
 
  
  

Latest revision as of 18:51, 23 December 2019

Segunda multiplicação dos pães (Mt 15,32-39) – 1Naqueles dias, havendo de novo uma numerosa multidão, que não tinha o que comer, Jesus chamou a si os discípulos e disse-lhes: 2«Estou profundamente compadecido da multidão, porque há já três dias que permanecem junto a mim e não têm o que comer. 3Se os despedir em jejum para as suas casas, desfalecerão no caminho, pois alguns deles vieram de longe». 4Responderam-lhe os seus discípulos: «Como poderá alguém saciá-los com pães aqui, neste deserto?». 5Perguntou-lhes Ele: «Quantos pães tendes?». Eles disseram: «Sete». 6Ordenou, então, à multidão que se reclinasse sobre a terra. E, tomando os sete pães e dando graças, partiu-os e deu-os aos seus discípulos para que os distribuíssem, e eles distribuíram-nos à multidão. 7Tinham também alguns pequenos peixes. Pronunciando, então, a bênção sobre eles, disse que os distribuíssem também. 8Comeram e ficaram saciados; e recolheram sete cestos dos pedaços que sobraram. 9Eram cerca de quatro mil. Então despediu-os 10e, subindo imediatamente para o barco com os seus discípulos, foi para a região de Dalmanutá[1].


Os fariseus pedem um sinal do céu (Mt 16,1-4) – 11Saíram, então, os fariseus e começaram a debater com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o pôr à prova. 12E Ele, suspirando profundamente[2], disse: «Porque procura esta geração um sinal? Amen vos digo: nenhum sinal será dado a esta geração!». 13E, deixando-os, embarcou de novo e partiu para a outra margem.


O fermento dos fariseus e de Herodes. Incompreensão dos discípulos (Mt 16,5-12) – 14Esqueceram-se de levar pão e não tinham senão um único pão consigo no barco. 15E ele admoestava-os, dizendo: «Vede bem: tomai cuidado[3] com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes!». 16Mas eles discutiam uns com os outros, porque não tinham pão. 17Ele, sabendo-o, disse-lhes: «Porque discutis por não terdes pão? Ainda não compreendeis nem entendeis? Tendes o vosso coração endurecido? 18Tendo olhos não vedes, e tendo ouvidos não ouvis[4]? Não vos lembrais, 19quando parti os cinco pães para os cinco mil, de quantas cestas cheias de pedaços recolhestes?». Disseram-lhe: «Doze». 20«E quando parti os sete para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?». Disseram-lhe: «Sete». 21Dizia-lhes, então: «Ainda não entendeis?».


O cego de Betsaida – 22Foram, então, para Betsaida e trouxeram-lhe um cego, suplicando-lhe que lhe tocasse. 23Tomando o cego pela mão, levou-o para fora da povoação. E, tendo-lhe posto saliva nos olhos[5] e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: «Vês alguma coisa?». 24Ao voltar a ver, dizia: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar». 25Em seguida, impôs-lhe de novo as mãos sobre os olhos, e começou a ver claramente; ficou restabelecido e via tudo com nitidez. 26Enviou-o, então, para sua casa, dizendo: «Não entres sequer na povoação».


II
O CAMINHO PARA A MORTE E RESSURREIÇÃO
(8,27-16,8)


A. O CAMINHO
(8,27-10,52)


Declaração messiânica de Pedro (Mt 16,13-20; Lc 9,18-21) – 27Jesus saiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. E, no caminho, interrogava os seus discípulos, dizendo-lhes: «Quem dizem os homens que Eu sou?». 28Eles disseram-lhe[6]: «João Batista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». 29E Ele interrogava-os: «Vós, porém, quem dizeis que Eu sou?». Respondendo, Pedro disse-lhe: «Tu és o Cristo». 30Então repreendeu-os severamente para que não falassem acerca dele a ninguém.


Primeiro anúncio da paixão e ressurreição, e reação de Pedro (Mt 16,21-23; Lc 9,22) – 31E começou a ensinar-lhes: «É necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos doutores da lei, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar». 32E dizia-lhes isto[7] com clareza.

Então Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo severamente. 33Mas Ele, voltando-se e vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro severamente e disse: «Vai para trás de mim[8], Satanás, porque não tens em mente as coisas de Deus, mas as dos homens!».


Condições para seguir Jesus (Mt 16,24-28; Lc 9,23-27) – 34E, chamando a si a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quer seguir atrás de mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. 35Pois aquele que quiser salvar a sua vida há de perdê-la, mas aquele que perder a sua vida por causa de mim e do evangelho há de salvá-la. 36Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se arruinar a sua vida? 37Pois que daria um homem em troca da sua vida? 38Portanto, aquele que se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai, com os anjos santos».



  1. Dalmanutá é um lugar desconhecido (Mt 15,39 apresenta Magadán).
  2. Lit.: E suspirando no seu espírito.
  3. Lit.: Vede, olhai de [longe].
  4. Jr 5,21; Ez 12,2. No contexto, Jesus recorda a condenação dos de fora (4,12) com as palavras de Is 6,9s.
  5. Lit.: tendo cuspido nos olhos dele.
  6. Lit.: Eles disseram-lhe, dizendo.
  7. Lit.: falava a palavra.
  8. É a mesma expressão com que Jesus chamou Pedro junto ao mar da Galileia (1,17). O lugar do discípulo é atrás de Jesus, percorrendo o mesmo caminho do seu Senhor, que implica a glória da ressurreição, mas também a paixão e morte. Pedro não quer e atravessa-se (tal como o Diabo) no caminho do Mestre e nos desígnios de Deus; tem a ousadia de repreender severamente Jesus (o verbo usado é o mesmo que expressa as ordens que Jesus dá aos espíritos impuros). Jesus recorda-lhe qual é o seu lugar, voltando, com a mesma expressão, a chamá-lo ao discipulado fiel, e deixa bem claro à multidão e aos que o seguem (também ao leitor) o que implica ser seu discípulo: seguir atrás dele (repare-se no pleonasmo, que enfatiza o lugar do discípulo), abandonando os critérios humanos e abraçando a cruz.



Capítulos

Mc 1 Mc 2 Mc 3 Mc 4 Mc 5 Mc 6 Mc 7 Mc 8 Mc 9 Mc 10 Mc 11 Mc 12 Mc 13 Mc 14 Mc 15 Mc 16