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<center>Os primeiros sinais do reino (8,1-9,38)</center>
<span style="color:red"><center>Os primeiros sinais do reino (8,1-9,38)</center></span>




8 Purificação e cura de um leproso (Mc 1,40-45; Lc 5,12-16)  
<span style="color:red">Purificação e cura de um leproso (Mc 1,40-45; Lc 5,12-16) – </span><span style="color:red"><sup>1</sup></span>Quando Ele desceu do monte, seguiram-no numerosas multidões<ref name="ftn83">Começa aqui a segunda grande secção do núcleo central do evangelho, pontuada por vários encontros, depois de Jesus deixar o monte do discurso anterior. Mt retoma aqui a narrativa de Mc (cf. Mc 1,40-2,22), expondo dez intervenções miraculosas de Jesus (sobretudo curas).</ref>. <span style="color:red"><sup>2</sup></span>E eis que um leproso<ref name="ftn84">A lepra era vista como um castigo divino que tornava um judeu impuro. Um leproso era, por isso, colocado à margem da sociedade e ostracizado (cf. Dt 28,27.35), pois transportava uma doença considerada como um sinal de pecado que excluía da comunidade (cf. Ex 4,6s; Lv 13,1-59; Nm 5,2).</ref>, aproximando-se, ajoelhou-se diante dele, dizendo: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me». <span style="color:red"><sup>3</sup></span>Estendendo a mão, Ele tocou-lhe, dizendo: «Quero: fica purificado!». E imediatamente ficou purificado da sua lepra. <span style="color:red"><sup>4</sup></span>Disse-lhe então Jesus: «Toma atenção, não digas a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés prescreveu, como testemunho para eles».
1Quando Ele desceu do monte, seguiram-no numerosas multidões<ref name="ftn243">Começa aqui a segunda grande secção do núcleo central do evangelho, pontuada por vários encontros, depois de Jesus deixar o monte do discurso anterior. Mt retoma aqui a narrativa de Mc (cf. Mc 1,40-2,22), expondo dez intervenções miraculosas de Jesus (sobretudo curas).</ref>. 2E eis que um leproso<ref name="ftn242">A lepra era vista como um castigo divino que tornava um judeu impuro. Um leproso era, por isso, colocado à margem da sociedade e ostracizado (cf. Dt 28,27.35), pois transportava uma doença considerada como um sinal de pecado que excluía da comunidade (cf. Ex 4,6s; Lv 13,1-59; Nm 5,2).</ref>, aproximando-se, ajoelhou-se diante dele, dizendo: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me». 3Estendendo a mão, Ele tocou-lhe, dizendo: «Quero: fica purificado!». E imediatamente ficou purificado da sua lepra. 4Disse-lhe então Jesus: «Toma atenção, não digas a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés prescreveu, como testemunho para eles».




Cura do servo do centurião (Lc 7,1-10; 13,28s; Jo 4,46b-53) – 5Quando entrou em Cafarnaum, foi ter com Ele um centurião<ref name="ftn241">Centurião, oficial comandante de c. cem homens.</ref> que lhe suplicou, 6dizendo: «Senhor, o meu servo está em casa deitado e paralítico, terrivelmente atormentado». 7Ele disse-lhe: «Eu vou curá-lo». 8Em resposta, o centurião afirmou: «Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu teto; diz apenas uma palavra, e o meu servo será curado. que também eu sou um homem sujeito à autoridade, tendo soldados às minhas ordens<ref name="ftn240">Lit.: ''tendo debaixo de mim próprio soldados''.</ref><nowiki>; e digo a um: “Vai”, e ele vai; e a outro: “Vem”, e ele vem; e ao meu servo: “Faz isto”, e ele faz». </nowiki>
<span style="color:red">Cura do servo do centurião (Lc 7,1-10; 13,28s; Jo 4,46b-53) – </span><span style="color:red"><sup>5</sup></span>Quando entrou em Cafarnaum, foi ter com Ele um centurião<ref name="ftn85">Centurião, oficial comandante de c. cem homens.</ref> que lhe suplicou, <span style="color:red"><sup>6</sup></span>dizendo: «Senhor, o meu servo está em casa deitado e paralítico, terrivelmente atormentado». <span style="color:red"><sup>7</sup></span>Ele disse-lhe: «Eu vou curá-lo». <span style="color:red"><sup>8</sup></span>Em resposta, o centurião afirmou: «Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu teto; diz apenas uma palavra, e o meu servo será curado. <span style="color:red"><sup>9</sup></span>É que também eu sou um homem sujeito à autoridade, tendo soldados às minhas ordens<ref name="ftn86">Lit.: ''tendo debaixo de mim próprio soldados''.</ref><nowiki>; e digo a um: "Vai", e ele vai; e a outro: "Vem", e ele vem; e ao meu servo: "Faz isto", e ele faz». </nowiki>


10Ao ouvi-lo, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: «Amen vos digo: não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé.11Digo-vos que muitos virão do oriente e do ocidente e reclinar-se-ão à mesa com Abraão, Isaac e Jacob no reino dos céus, 12enquanto os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes». 13E disse Jesus ao centurião: «Vai, seja feito como acreditaste». E o servo dele ficou curado naquela hora.
<span style="color:red"><sup>10</sup></span>Ao ouvi-lo, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: «Amen vos digo: não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé.<span style="color:red"><sup>11</sup></span>Digo-vos que muitos virão do oriente e do ocidente e reclinar-se-ão à mesa com Abraão, Isaac e Jacob no reino dos céus, <span style="color:red"><sup>12</sup></span>enquanto os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes». <span style="color:red"><sup>13</sup></span>E disse Jesus ao centurião: «Vai, seja feito como acreditaste». E o servo dele ficou curado naquela hora.




Cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31; Lc 4,38s) – 14Tendo ido Jesus para a casa de Pedro, viu a sogra dele prostrada com febre. 15Tocou-lhe na mão, e a febre deixou-a; ela levantou-se e começou a servi-lo.
<span style="color:red">Cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31; Lc 4,38s) – </span><span style="color:red"><sup>14</sup></span>Tendo ido Jesus para a casa de Pedro, viu a sogra dele prostrada com febre. <span style="color:red"><sup>15</sup></span>Tocou-lhe na mão, e a febre deixou-a; ela levantou-se e começou a servi-lo.




Curas e exorcismos (Mc 1,32-34; Lc 4,40s) – 16Ao cair da tarde, levaram-lhe muitos endemoniados; expulsou os espíritos pela palavra e curou todos os que tinham algum mal, 17para que se cumprisse o que foi dito por meio do profeta Isaías, que diz:
<span style="color:red">Curas e exorcismos (Mc 1,32-34; Lc 4,40s) – </span><span style="color:red"><sup>16</sup></span>Ao cair da tarde, levaram-lhe muitos endemoniados; expulsou os espíritos pela palavra e curou todos os que tinham algum mal, <span style="color:red"><sup>17</sup></span>para que se cumprisse o que foi dito por meio do profeta Isaías, que diz:


''Ele tomou as nossas fraquezas''
''Ele tomou as nossas fraquezas''


''e carregou as nossas doenças''<ref name="ftn239">Is 53,4.</ref>''.''
''e carregou as nossas doenças''<ref name="ftn87">Is 53,4.</ref>''.''




Seguir Jesus (Lc 9,57-60) – 18Ao ver uma multidão à sua volta, Jesus ordenou que partissem para a outra margem. 19Aproximou-se então um doutor da lei que lhe disse: «Mestre, seguir-te-ei para onde quer que vás». 20Disse-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem<ref name="ftn238">A expressão ''Filho do Homem'' é o título com que Jesus normalmente se refere a si mesmo; evoca a simples figura humana e, de modo particular, a figura misteriosa de Dn 7,13 que, vindo do céu, tem a missão de julgar o mundo e de estabelecer um reino universal e eterno.</ref> não tem onde reclinar a cabeça».  
<span style="color:red">Seguir Jesus (Lc 9,57-60) – </span><span style="color:red"><sup>18</sup></span>Ao ver uma multidão à sua volta, Jesus ordenou que partissem para a outra margem. <span style="color:red"><sup>19</sup></span>Aproximou-se então um doutor da lei que lhe disse: «Mestre, seguir-te-ei para onde quer que vás». <span style="color:red"><sup>20</sup></span>Disse-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem<ref name="ftn88">A expressão ''Filho do Homem'' é o título com que Jesus normalmente se refere a si mesmo; evoca a simples figura humana e, de modo particular, a figura misteriosa de Dn 7,13 que, vindo do céu, tem a missão de julgar o mundo e de estabelecer um reino universal e eterno.</ref> não tem onde reclinar a cabeça».  


21Outro dos seus discípulos disse-lhe: «Senhor, permite-me que vá primeiro sepultar o meu pai». 22Jesus disse-lhe: «Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos»<ref name="ftn237">Ao relativizar a importância dada aos mortos, Jesus colide com a tradição judaica de ''mBer'' 3,1.</ref>.
<span style="color:red"><sup>21</sup></span>Outro dos seus discípulos disse-lhe: «Senhor, permite-me que vá primeiro sepultar o meu pai». <span style="color:red"><sup>22</sup></span>Jesus disse-lhe: «Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos»<ref name="ftn89">Ao relativizar a importância dada aos mortos, Jesus colide com a tradição judaica de ''mBer'' 3,1.</ref>.




A tempestade acalmada (Mc 4,35-41; Lc 8,22-25) – 23Ao subir para o barco, os seus discípulos seguiram-no. 24E eis que surgiu uma grande agitação no mar, de tal modo que as ondas encobriam o barco<ref name="ftn236">Estes elementos de agitação e de tremor integram os relatos apocalípticos e teofânicos (27,51-53; Ex 19,16-18; 1Sm 7,10; 1Rs 8,10; 2Cr 7,1; Jb 38,1; Sb 5,2-33; Is 6,4; Hab 3,3; Mc 1,10s; At 2,3).</ref>. Ele, porém, dormia. 25E, aproximando-se, acordaram-no dizendo: «Senhor, salva-nos, estamos a morrer!». 26Disse-lhes: «Porque estais assustados, homens de pouca fé?». Erguendo-se, então, repreendeu severamente os ventos e o mar<ref name="ftn235">O mar era visto como o lugar das forças do mal (cf. Is 51,9s). Sobre esse lugar só Deus tem poder (cf. Jn 2,3-11), exercido agora por Jesus, o que manifesta a sua natureza divina.</ref>, e fez-se grande bonança. 27Os homens admiraram-se, dizendo: «Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?».
<span style="color:red">A tempestade acalmada (Mc 4,35-41; Lc 8,22-25) – </span><span style="color:red"><sup>23</sup></span>Ao subir para o barco, os seus discípulos seguiram-no. <span style="color:red"><sup>24</sup></span>E eis que surgiu uma grande agitação no mar, de tal modo que as ondas encobriam o barco<ref name="ftn90">Estes elementos de agitação e de tremor integram os relatos apocalípticos e teofânicos (27,51-53; Ex 19,16-18; 1Sm 7,10; 1Rs 8,10; 2Cr 7,1; Jb 38,1; Sb 5,2-33; Is 6,4; Hab 3,3; Mc 1,10s; At 2,3).</ref>. Ele, porém, dormia. <span style="color:red"><sup>25</sup></span>E, aproximando-se, acordaram-no dizendo: «Senhor, salva-nos, estamos a morrer!». <span style="color:red"><sup>26</sup></span>Disse-lhes: «Porque estais assustados, homens de pouca fé?». Erguendo-se, então, repreendeu severamente os ventos e o mar<ref name="ftn91">O mar era visto como o lugar das forças do mal (cf. Is 51,9s). Sobre esse lugar só Deus tem poder (cf. Jn 2,3-11), exercido agora por Jesus, o que manifesta a sua natureza divina.</ref>, e fez-se grande bonança. <span style="color:red"><sup>27</sup></span>Os homens admiraram-se, dizendo: «Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?».




Cura dos endemoniados de Gádara (Mc 5,1-17; Lc 8,26-37) – 28Quando Ele foi para a outra margem, para a região dos gadarenos<ref name="ftn234">Gádara era uma cidade helenista da Decápole, na Transjordânia, a 10 quilómetros ao sul do lago de Genesaré.</ref>, vieram ao seu encontro, saindo dos sepulcros, dois endemoniados. Eram tão perigosos que ninguém era capaz de passar por aquele caminho. 29E eis que se puseram a gritar, dizendo: «Que há entre nós e ti<ref name="ftn233">''Que há entre nós e ti?'' é uma expressão típica e literalmente semita. Na tradição judaica perdurava a convicção de que os demónios infernizariam a vida e a história até ao ''fim dos tempos'' (cf. ''1Hen'' 15-16; ''Jub'' 10,8-9; ''TestLev'' 18,12).</ref>, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?».  
<span style="color:red">Cura dos endemoniados de Gádara (Mc 5,1-17; Lc 8,26-37) – </span><span style="color:red"><sup>28</sup></span>Quando Ele foi para a outra margem, para a região dos gadarenos<ref name="ftn92">Gádara era uma cidade helenista da Decápole, na Transjordânia, a 10 quilómetros ao sul do lago de Genesaré.</ref>, vieram ao seu encontro, saindo dos sepulcros, dois endemoniados. Eram tão perigosos que ninguém era capaz de passar por aquele caminho. <span style="color:red"><sup>29</sup></span>E eis que se puseram a gritar, dizendo: «Que há entre nós e ti<ref name="ftn93">''Que há entre nós e ti?'' é uma expressão típica e literalmente semita. Na tradição judaica perdurava a convicção de que os demónios infernizariam a vida e a história até ao ''fim dos tempos'' (cf. ''1Hen'' 15-16; ''Jub'' 10,8-9; ''TestLev'' 18,12).</ref>, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?».  


30Ora, longe deles, estava uma vara de muitos porcos a pastar. 31E os endemoniados suplicaram-lhe, dizendo: «Se nos expulsas, envia-nos para a vara dos porcos». 32Ele disse-lhes: «Ide!». Então eles, ao saírem, foram para os porcos, e eis que toda a vara se lançou pelo precipício para o mar e morreram nas águas. 33Os que apascentavam fugiram e foram para a cidade anunciar tudo isto, incluindo o que acontecera aos endemoniados<ref name="ftn232">Lit.: ''e'' ''também as coisas dos endemoniados''.</ref>. 34Eis então que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus e, ao vê-lo, suplicaram-lhe que partisse do seu território.
<span style="color:red"><sup>30</sup></span>Ora, longe deles, estava uma vara de muitos porcos a pastar. <span style="color:red"><sup>31</sup></span>E os endemoniados suplicaram-lhe, dizendo: «Se nos expulsas, envia-nos para a vara dos porcos». <span style="color:red"><sup>32</sup></span>Ele disse-lhes: «Ide!». Então eles, ao saírem, foram para os porcos, e eis que toda a vara se lançou pelo precipício para o mar e morreram nas águas. <span style="color:red"><sup>33</sup></span>Os que apascentavam fugiram e foram para a cidade anunciar tudo isto, incluindo o que acontecera aos endemoniados<ref name="ftn94">Lit.: ''e'' ''também as coisas dos endemoniados''.</ref>. <span style="color:red"><sup>34</sup></span>Eis então que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus e, ao vê-lo, suplicaram-lhe que partisse do seu território.
 
 
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Latest revision as of 16:09, 19 December 2019

Os primeiros sinais do reino (8,1-9,38)


Purificação e cura de um leproso (Mc 1,40-45; Lc 5,12-16) – 1Quando Ele desceu do monte, seguiram-no numerosas multidões[1]. 2E eis que um leproso[2], aproximando-se, ajoelhou-se diante dele, dizendo: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me». 3Estendendo a mão, Ele tocou-lhe, dizendo: «Quero: fica purificado!». E imediatamente ficou purificado da sua lepra. 4Disse-lhe então Jesus: «Toma atenção, não digas a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés prescreveu, como testemunho para eles».


Cura do servo do centurião (Lc 7,1-10; 13,28s; Jo 4,46b-53) – 5Quando entrou em Cafarnaum, foi ter com Ele um centurião[3] que lhe suplicou, 6dizendo: «Senhor, o meu servo está em casa deitado e paralítico, terrivelmente atormentado». 7Ele disse-lhe: «Eu vou curá-lo». 8Em resposta, o centurião afirmou: «Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu teto; diz apenas uma palavra, e o meu servo será curado. 9É que também eu sou um homem sujeito à autoridade, tendo soldados às minhas ordens[4]; e digo a um: "Vai", e ele vai; e a outro: "Vem", e ele vem; e ao meu servo: "Faz isto", e ele faz».

10Ao ouvi-lo, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: «Amen vos digo: não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé.11Digo-vos que muitos virão do oriente e do ocidente e reclinar-se-ão à mesa com Abraão, Isaac e Jacob no reino dos céus, 12enquanto os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes». 13E disse Jesus ao centurião: «Vai, seja feito como acreditaste». E o servo dele ficou curado naquela hora.


Cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31; Lc 4,38s) – 14Tendo ido Jesus para a casa de Pedro, viu a sogra dele prostrada com febre. 15Tocou-lhe na mão, e a febre deixou-a; ela levantou-se e começou a servi-lo.


Curas e exorcismos (Mc 1,32-34; Lc 4,40s) – 16Ao cair da tarde, levaram-lhe muitos endemoniados; expulsou os espíritos pela palavra e curou todos os que tinham algum mal, 17para que se cumprisse o que foi dito por meio do profeta Isaías, que diz:

Ele tomou as nossas fraquezas

e carregou as nossas doenças[5].


Seguir Jesus (Lc 9,57-60) – 18Ao ver uma multidão à sua volta, Jesus ordenou que partissem para a outra margem. 19Aproximou-se então um doutor da lei que lhe disse: «Mestre, seguir-te-ei para onde quer que vás». 20Disse-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem[6] não tem onde reclinar a cabeça».

21Outro dos seus discípulos disse-lhe: «Senhor, permite-me que vá primeiro sepultar o meu pai». 22Jesus disse-lhe: «Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos»[7].


A tempestade acalmada (Mc 4,35-41; Lc 8,22-25) – 23Ao subir para o barco, os seus discípulos seguiram-no. 24E eis que surgiu uma grande agitação no mar, de tal modo que as ondas encobriam o barco[8]. Ele, porém, dormia. 25E, aproximando-se, acordaram-no dizendo: «Senhor, salva-nos, estamos a morrer!». 26Disse-lhes: «Porque estais assustados, homens de pouca fé?». Erguendo-se, então, repreendeu severamente os ventos e o mar[9], e fez-se grande bonança. 27Os homens admiraram-se, dizendo: «Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?».


Cura dos endemoniados de Gádara (Mc 5,1-17; Lc 8,26-37) – 28Quando Ele foi para a outra margem, para a região dos gadarenos[10], vieram ao seu encontro, saindo dos sepulcros, dois endemoniados. Eram tão perigosos que ninguém era capaz de passar por aquele caminho. 29E eis que se puseram a gritar, dizendo: «Que há entre nós e ti[11], Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?».

30Ora, longe deles, estava uma vara de muitos porcos a pastar. 31E os endemoniados suplicaram-lhe, dizendo: «Se nos expulsas, envia-nos para a vara dos porcos». 32Ele disse-lhes: «Ide!». Então eles, ao saírem, foram para os porcos, e eis que toda a vara se lançou pelo precipício para o mar e morreram nas águas. 33Os que apascentavam fugiram e foram para a cidade anunciar tudo isto, incluindo o que acontecera aos endemoniados[12]. 34Eis então que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus e, ao vê-lo, suplicaram-lhe que partisse do seu território.



  1. Começa aqui a segunda grande secção do núcleo central do evangelho, pontuada por vários encontros, depois de Jesus deixar o monte do discurso anterior. Mt retoma aqui a narrativa de Mc (cf. Mc 1,40-2,22), expondo dez intervenções miraculosas de Jesus (sobretudo curas).
  2. A lepra era vista como um castigo divino que tornava um judeu impuro. Um leproso era, por isso, colocado à margem da sociedade e ostracizado (cf. Dt 28,27.35), pois transportava uma doença considerada como um sinal de pecado que excluía da comunidade (cf. Ex 4,6s; Lv 13,1-59; Nm 5,2).
  3. Centurião, oficial comandante de c. cem homens.
  4. Lit.: tendo debaixo de mim próprio soldados.
  5. Is 53,4.
  6. A expressão Filho do Homem é o título com que Jesus normalmente se refere a si mesmo; evoca a simples figura humana e, de modo particular, a figura misteriosa de Dn 7,13 que, vindo do céu, tem a missão de julgar o mundo e de estabelecer um reino universal e eterno.
  7. Ao relativizar a importância dada aos mortos, Jesus colide com a tradição judaica de mBer 3,1.
  8. Estes elementos de agitação e de tremor integram os relatos apocalípticos e teofânicos (27,51-53; Ex 19,16-18; 1Sm 7,10; 1Rs 8,10; 2Cr 7,1; Jb 38,1; Sb 5,2-33; Is 6,4; Hab 3,3; Mc 1,10s; At 2,3).
  9. O mar era visto como o lugar das forças do mal (cf. Is 51,9s). Sobre esse lugar só Deus tem poder (cf. Jn 2,3-11), exercido agora por Jesus, o que manifesta a sua natureza divina.
  10. Gádara era uma cidade helenista da Decápole, na Transjordânia, a 10 quilómetros ao sul do lago de Genesaré.
  11. Que há entre nós e ti? é uma expressão típica e literalmente semita. Na tradição judaica perdurava a convicção de que os demónios infernizariam a vida e a história até ao fim dos tempos (cf. 1Hen 15-16; Jub 10,8-9; TestLev 18,12).
  12. Lit.: e também as coisas dos endemoniados.



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