Mt 11

From Biblia: Os Quatro Evangelhos e os Salmos
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Ensinamentos sobre o reino (11,1-12,50)


1E aconteceu que, quando Jesus acabou de dar estas ordens aos seus doze discípulos, partiu dali para ensinar e pregar nas suas cidades[1].

Embaixada de João Batista a Jesus (Lc 7,18-23) – 2João, ao ouvir falar no cárcere das obras de Cristo, mandou, por intermédio dos seus discípulos, 3dizer-lhe: «És tu o que está para vir[2] ou havemos de esperar outro?». 4Jesus, respondendo, disse-lhes: «Ide anunciar a João o que ouvis e vedes: 5os cegos voltam a ver e os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a boa nova. 6E feliz é aquele que não encontrar em mim motivo de escândalo».


Juízo de Jesus sobre João Batista (Lc 7,24-28) – 7Quando eles partiram, Jesus começou a falar às multidões acerca de João: «Que fostes observar no deserto? Uma cana agitada pelo vento? 8Mas que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Eis que aqueles que trajam roupas finas estão nas casas dos reis. 9Mas que fostes ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais que profeta. 10É acerca dele que está escrito:

Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente,

que há de preparar o teu caminho diante de ti[3].

11Amen vos digo: não se ergueu, entre os nascidos de mulher, ninguém maior que João Batista; mas o mais pequeno no reino dos céus é maior que ele. 12Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus sofre de violência, e os violentos apoderam-se dele[4]. 13Todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. 14E, se quereis aceitar, ele é o Elias que está prestes a vir. 15Quem tem ouvidos, ouça.

16A quem hei de comparar esta geração? É semelhante às crianças sentadas nas praças públicas que, interpelando as outras, 17dizem:

"Tocámos flauta para vós e não dançastes,

entoámos lamentações e não batestes no peito".

18Veio João, que não come nem bebe, e dizem: "Tem um demónio!". 19Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: "Eis um homem comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores". Mas a sabedoria foi justificada pelas suas obras».


Imprecações contra as cidades incrédulas (Lc 10,12-15) – 20Começou, então, a censurar as cidades em que tinha realizado a maior parte das suas ações poderosas, porque não se tinham convertido: 21«Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sídon se tivessem realizado as ações poderosas que entre vós se realizaram, há muito se teriam convertido, cobrindo-se de pano rude e de cinza[5]. 22Por isso vos digo: haverá mais tolerância para Tiro e Sídon, no dia do juízo, do que para vós. 23E tu, Cafarnaum, serás elevada até ao céu? Até ao inferno[6] descerás[7]! Porque, se em Sodoma se tivessem realizado as ações poderosas que se realizaram em ti, teria durado até aos dias de hoje. 24Por isso vos digo: haverá mais tolerância para Sodoma, no dia do juízo, do que para ti».


Revelação aos humildes (Lc 10,21s) – 25Naquele tempo, em resposta[8], Jesus disse: «Louvo-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27Tudo me foi entregue por meu Pai; ninguém reconhece o Filho senão o Pai, e ninguém reconhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.


O suave jugo de Jesus – 28Vinde a mim, todos os que estais fatigados e oprimidos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas vidas, 30pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve».



  1. Trata-se de uma fórmula de transição que indica o início de uma nova secção. Este v. explicita uma mudança face ao território literário anterior. Até 13,52 Jesus apresenta um conjunto de parábolas e de sinais para falar do reino. A perícope de 11,1-19 recolhe material da fonte Q (cf. Lc 7,18-35; 10,12-15).
  2. Lit.: és tu o que vem.
  3. Ex 23,20; Ml 3,1.
  4. Texto enigmático: de que violência se trata? Da violência dos zelotes contra os romanos? Das violências de grupos judaicos contra os cristãos? Da violência interior cristã para entrar no reino?
  5. Sákkos é um tipo de pano rude, normalmente feito de pele de animais, que se usava em cima do corpo como se fosse um saco (daí o seu nome) e era normalmente usado como sinal de luto, penitência ou súplica. Na cultura judaica, era também costume atirar cinza à cabeça como sinal de luto (Jb 1,21; 2,12; Jr 6,26). Corazim, Betsaida e Cafarnaum constituíam o chamado «triângulo evangélico» onde Jesus realizou muitos prodígios e sinais, aos quais estas cidades reagiram com incredulidade. Daí terem sido comparadas às grandes cidades pecadoras de Sodoma e de Gomorra, de Tiro e de Sídon (cf. Gn 19,28s; Is 1,9; Ez 27,1.4.30-32; Am 1,9; Mc 7,24; Lc 10,12-14), estas duas últimas alvo da crítica severa dos profetas (cf. Is 23,1; Ez 26-28).
  6. Lit.: Hades, o inferno da mitologia grega.
  7. Is 14,13.15.
  8. A expressão em resposta (apokritheís) assinala a contrastante transição entre aqueles que rejeitam Jesus (antes e depois desta oração) e os que o acolhem. A resposta consta de uma oração de louvor ao Pai (vv. 25s), da revelação da sua exclusiva relação filial com Ele (v. 26) e do reforçado convite aos que mais dele carecem (vv. 28-30). No centro está o reconhecimento de amor entre o Filho e o Pai: nele se insere o louvor e dele participam os simples e os fatigados e oprimidos, carentes de um amor, cujo jugo é suave.



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