Sl 110

From Biblia: Os Quatro Evangelhos e os Salmos
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110(109) Promessa de Deus ao seu ungido

 

1 De David. Salmo.


Oráculo do Senhor para o meu senhor[1]:

«Senta-te à minha direita

que Eu farei dos teus inimigos um assento,

um estrado para os teus pés»[2].

2 De Sião, o Senhor estenderá o cetro do teu poder.

Domina os teus inimigos no combate!

3 A tua estirpe é de nobreza,

no dia do teu poder!

Entre esplendores de santidade,

das entranhas da madrugada
como orvalho te fiz nascer[3].

4 O Senhor jurou e não se arrepende:

«Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedec»[4].

5 O Senhor está à tua direita;

Ele há de esmagar reis, no dia da sua ira.

6 Ele ditará a justiça entre as nações, amontoará cadáveres,

esmagará cabeças pela vastidão da terra.

7 No caminho, beberá da torrente;

e assim erguerá bem alto a cabeça[5].



  1. Este é um salmo bem caraterístico da realeza. Nele aparecem profundamente articuladas as categorias da realeza com as conceções religiosas de Israel. A expressão meu senhor refere-se naturalmente ao rei. Quanto ao tempo da sua composição, é uma questão bastante difícil de declarar de forma taxativa. O seu teor institucional e formal, bem como algumas expressões arcaicas relativamente à linguagem corrente, poderiam sugerir uma composição bastante antiga, possivelmente dos inícios da monarquia, eventualmente aproveitando mesmo fórmulas de entronização vindas das culturas mais antigas de Canaã. Outros pensariam numa composição de época tardia, tendo em conta algumas ideias que parecem associar realeza, messianismo e sacerdócio. Este salmo foi muito utilizado nos primeiros tempos do cristianismo, pelas ressonâncias messiânicas evidentes que oferecia.
  2. Ou: enquanto Eu ponho os teus inimigos / como estrado para os teus pés. A leitura tradicional assenta na interpretação do termo ‘ad como advérbio, significando enquanto. É reconhecido, no entanto, que o significado de «enquanto» não parece jogar bem com a dinâmica imediata de um oráculo de entronização real nem com a sintaxe da frase. Ora, da literatura cananaica de Ugarit conhecemos um termo com as mesmas consoantes, ‘d, e o significado de assento, trono; esta hipótese dá a um oráculo solene e formal maior ritmo e ressonância. Ao tempo da tradução dos LXX este antigo vocábulo técnico de trono seria já desconhecido.
  3. Ou: como orvalho te gerei. Este salmo e particularmente este v. são muito importantes nas leituras, mas o texto hebraico apresenta dificuldades de tradução, reconhecidas desde a antiguidade. A vocalização massorética de yaldutêka (da tua juventude) parece ser uma maneira de evitar matizes teológicos considerados excessivos. No entanto, algumas traduções de renome seguem ainda esta leitura. A tradução dos LXX leu um verbo, yalad, o qual, quando o sujeito é feminino, se usa na conjugação qal e significa dar à luz; quando o sujeito é masculino como aqui, usa-se o hifil e significa tornar-se pai de alguém. A tradução com o verbo gerar corresponde ao que se usa nas genealogias do NT, onde o termo gerou corresponde ao hebraico holîd. Na fórmula de entronização trata-se de uma filiação adotiva.
  4. Melquisedec era uma figura de rei e sacerdote da cidade de Salém, nome associado com o de Jerusalém, e que aparece muito ligado à história do patriarca Abraão (Gn 14,18). No que diz respeito aos reis hebreus, não são vistos como sacerdotes, mas também é verdade que reis e sacerdotes partilham entre si a caraterística de serem ungidos, i.e., consagrados para uma função que tem sentido religioso. Nas conceções messiânicas do NT voltou a valorizar-se a figura de Melquisedec como sacerdote e rei (Heb 7,1-12).
  5. Ou: O Soberano o colocou no trono, / e assim lhe fará erguer a cabeça. A possibilidade de ler no termo drk mais um equivalente de trono, de algum modo sinónimo do termo ‘d (assento) que aparece no v. 1, dá um sentido mais bem enquadrado no tema do salmo e ultrapassa as dificuldades que a leitura tradicional suscita.



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