Sl 106

From Biblia: Os Quatro Evangelhos e os Salmos
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106(105) Infidelidades de Israel

 

1 Aleluia!

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom[1],

porque é eterna a sua misericórdia.

2 Quem poderá contar os feitos do Senhor

e apregoar todos os seus louvores?

3 Feliz daquele que observa o direito

e cumpre a justiça em todo o tempo.


4 Lembra-te de mim[2], Senhor, pelo bem do teu povo,

vem visitar-me com a tua salvação,

5 para que eu veja a felicidade dos teus escolhidos,

para me alegrar com a alegria do teu povo
e me sentir feliz com a tua herança.


6 Nós pecámos, tal como os nossos pais,

cometemos crimes e maldades.

7 Os nossos pais, no Egito,

não compreenderam as tuas maravilhas;

não se lembraram da grandeza da tua misericórdia

e revoltaram-se junto ao mar, no Mar Vermelho.


8 Mas Ele salvou-os, para honra do seu nome

e para manifestar o seu poder.

9 Ameaçou o Mar Vermelho e ele secou

e fê-los caminhar nas profundezas como num deserto.

10 Salvou-os das mãos dos que os odiavam

e resgatou-os da mão do inimigo.

11 As águas cobriram os seus adversários;

de modo que nem um só deles sobreviveu.

12 Então acreditaram nas suas palavras

e cantaram o seu louvor.


13 Mas eles depressa esqueceram as suas obras

e não confiaram no seu projeto.

14 No deserto, deixaram-se vencer pelos seus apetites

e puseram Deus à prova, no descampado.

15 Deus concedeu-lhes o que pediam

e expulsou das suas almas o definhamento[3].


16 Porém, tiveram inveja de Moisés no acampamento;

e de Aarão, o consagrado do Senhor.

17 Abriu-se, então, a terra e engoliu Datan

e fechou-se sobre a seita de Abiram;

18 o fogo consumiu os seus partidários,

e as chamas devoraram os malvados.


19 Construíram um bezerro no monte Horeb

e prostraram-se diante de uma estátua.

20 Trocaram o seu Deus glorioso

pela imagem de um touro que remói erva.

21 Esqueceram a Deus, que os salvara,

realizando prodígios no Egito,

22 maravilhas no país de Cam,

coisas tremendas junto ao Mar Vermelho.

23 Deus declarou que os ia aniquilar,

se não fosse Moisés, o seu escolhido:

este colocou-se como barreira diante de Deus,

para impedir que a sua ira os destruísse.


24 Mostraram desprezo pela terra deliciosa[4],

não acreditaram na sua palavra.

25 Murmuraram nas suas tendas

e não escutaram a voz do Senhor.

26 Por isso, ergueu a sua mão contra eles,

jurando que os faria cair no deserto,

27 que faria cair os seus filhos entre os povos,

dispersando-os por entre as nações.


28 Depois, ligaram-se ao deus Baal de Peor[5]

e comeram de sacrifícios em honra dos mortos.

29 Provocaram-no com as suas iniquidades,

e a peste irrompeu no meio deles.

30 Fineias ergueu-se, para garantir o direito,

e então a peste acabou.

31 A sua ação foi-lhe reconhecida como justa,

por todas as gerações e para sempre.


32 Eles irritaram a Deus, junto das águas de Meribá,

e Moisés teve de sofrer por causa deles[6],

33 porque lhe amarguraram o espírito

e ele proferiu desatinos com seus lábios.


34 Não exterminaram os povos[7]

que o Senhor lhes tinha indicado.

35 Pelo contrário, misturaram-se com esses povos

e aprenderam os seus costumes.

36 Prestaram culto aos seus ídolos,

que foram para eles uma armadilha.

37 Ofereceram em sacrifício os seus filhos[8]

e as suas filhas aos demónios.

38 Derramaram o sangue inocente,

o sangue dos seus filhos e filhas,

que sacrificaram aos ídolos de Canaã;

e a terra ficou manchada com o sangue.


39 Deixaram-se contaminar com as suas obras[9]

e prostituíram-se[10] com os seus crimes.

40 Por isso, o Senhor se indignou com o seu povo

e sentiu desgosto pela sua herança.

41 Então entregou-os nas mãos dos povos,

e foram dominados por aqueles que os odiavam.

42 Os seus inimigos oprimiram-nos,

e foram submetidos ao seu poder.

43 Muitas vezes Ele os libertou,

mas eles mostraram-se rebeldes nas suas ideias
e cada vez mais se afundavam na sua maldade.


44 Contudo, Ele olhou para eles na aflição,

ao ouvir os seus lamentos.

45 Lembrou-se da sua aliança para com eles

e compadeceu-se deles, na sua imensa misericórdia.

46 Fez com que eles fossem tratados com benevolência

por parte dos seus conquistadores[11].


47 Salva-nos, ó Senhor, nosso Deus,

e volta a reunir-nos de entre os povos[12],

para darmos graças ao teu santo nome

e celebrarmos os teus louvores.


48 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,

desde sempre e para sempre.

E diga todo o povo: «Amen!»

Aleluia[13]!



  1. Este é um salmo coletivo de súplica, onde se faz uma revisão dos pecados cometidos pelo povo ao longo da sua história. Daí que se apresente como uma continuação natural da exposição histórica feita no Sl 105 e à semelhança do que acontece também no Sl 78. Sublinha especialmente as vicissitudes dos quarenta anos no deserto (vv. 13-33). A confissão das próprias culpas, passadas e presentes, oferece ao salmista a oportunidade para exaltar a infinita misericórdia de Deus. O v. 6 dá ao salmo o teor de uma confissão pública (cf. Ne 9). Os últimos vv. situam-se provavelmente depois do exílio, concluindo-se com uma doxologia que encerra a quarta parte do saltério.
  2. A tradução grega, alguns mss. antigos e a Vg, seguida pela NVg, leem os pronomes dos vv. 4-5 no plural, referindo-se explicitamente ao povo todo como «nós».
  3. Ou: e enviou alimento para a sua fome. Referência ao episódio das codornizes (Nm 11,33).
  4. Este desprezo refere-se à desconfiança com que foram recebidas as informações prestadas pelos exploradores da terra de Canaã (Nm 13,25-14,38; Dt 1,22-46).
  5. Os vv. 28-31 referem-se aos factos narrados em Nm 25. Pela sua ação Fineias foi constituído sacerdote e, segundo a tradição bíblica, foi o antepassado de Sadoc e da geração de sumos sacerdotes.
  6. Por ter proferido palavras de impaciência e falta de confiança em Deus, Moisés ficou impedido de entrar na terra prometida (Nm 20,12).
  7. Os vv. 34-35 são referência aos episódios narrados em Ex 23,32-33; Dt 7,2-6; Jz 1,21-33; 2,1-3.
  8. Esta prática (Ex 16,20-21) era vista como sendo o máximo das abominações cometidas pelos cananeus (Dt 12,29-31; 18,9-14; cf. 2Rs 16,3; 21,6; Jr 7,31).
  9. Os vv. 39-43 resumem uma sequência de infidelidades de Israel seguidas de castigos da parte de Deus, muito semelhante ao que aparece no livro dos Juízes (Jz 2,11-19; 3,5-15, etc.).
  10. Esta prostituição é uma metáfora caraterística dos profetas para designar a infidelidade do povo de Israel quando se volta para divindades cananaicas (Sl 73,27; Os 1,2ss).
  11. Esta alusão a tratamentos benevolentes por parte de alguns conquistadores poderia ser aplicável a várias situações históricas, nomeadamente às mencionadas em 1Rs 8,50; 2Rs 25,27-29; Esd 1; 7; 9,9: Ne 2; Ne 9,5-31; Jr 42,10-12. Estas referências fazem com que esta parte do salmo possa estar ligada a épocas diferentes da história.
  12. Cf. Sir 36,13.
  13. A tradução grega entendeu que este aleluia constituía o início do salmo seguinte.



Salmos

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