Sl 1
1 O caminho do justo
1 Feliz[1] o homem que não segue o conselho dos malfeitores[2],
- que não se detém no caminho dos pecadores
- e não toma parte em reunião de maldizentes[3].
2 Pelo contrário, é na lei do Senhor[4] que ele encontra satisfação;
- é na sua lei que medita[5] dia e noite.
3 É como árvore plantada à beira das correntes de água:
- dá o seu fruto em devido tempo e a folhagem não murcha;
- e em tudo o que fizer será bem-sucedido.
4 Não é assim com os malfeitores.
- Pelo contrário, são como palha que o vento leva.
5 Por isso, os malfeitores não se levantarão no julgamento[6],
- nem os pecadores, na assembleia dos justos.
6 Na verdade, o Senhor conhece o caminho dos justos,
- mas o caminho dos malfeitores conduz à perdição.
- ↑ Este salmo é uma meditação de modelo sapiencial, que sugere um discernimento do caminho a escolher e seguir. Entendido sob esta perspetiva, ele propõe o discernimento como um elemento integrante da oração de Israel. Ele é também o espelho dos caminhos de vida e dos resultados a que conduzem, na certeza de que Deus reconhece só o caminho dos justos. O termo inicial feliz, em hebraico felicidades do homem, representa um tema que atravessa toda a narrativa bíblica e que tem uma das suas expressões mais reconhecida no texto das Bem-aventuranças (Mt 5,3s). O salmo 2,12 termina com esta mesma expressão.
- ↑ Ou: não vai ao conselho.
- ↑ O salmista distingue três grupos que aludem a diferentes facetas do agir malvado: o malfeitor ou criminoso cujas ações resultam num prejuízo importante para os outros; o pecador que indica uma diversidade de comportamentos errados de uma forma generalizada; e o maldizente ou caluniador que causa danos por palavras injustas e falsas.
- ↑ Sempre que, nesta tradução, Senhor aparece assim, em versaletes, equivale, no texto hebraico, ao tetragrama, YHWH, o nome divino que provavelmente se pronunciava Javé. O respeito por esse nome levou o judaísmo antigo a substitui-lo por Adonai (Senhor), uma prática adotada pelos LXX e continuada pela Vg e a NVg.
- ↑ Heb.: sussurra. A meditação sobre a Lei fazia-se frequentemente recitando o texto em voz baixa, opondo-se ao grito da prece (cf. Js 1,7s; Sl 35,28; Sir 14,20s).
- ↑ O termo hebraico michpat exprime a maneira que Deus tem de intervir na história para julgar e sancionar os comportamentos humanos; neste sentido é muito frequente na literatura bíblica. Poderá, no entanto, significar igualmente alguma referência a um julgamento de caráter mais global, conclusivo e definitivo, semelhante ao que, mais tarde, se veio a chamar o juízo final. A tradução de os malfeitores não se levantarão no julgamento enquadra-se bem nestas duas perspetivas. Numa sessão de julgamento forense, faz referência ao facto de os acusados se levantarem quando eram inocentes; no último julgamento os malfeitores não se levantarão para a vida. O sonho da imortalidade ou ressurreição para uma vida eterna parece andar latente no imaginário do homem bíblico, particularmente nos salmos (Sl 16,11; 21,5; 27,13; 56,14; 69,29; 116,8s; 133,3; 142,6). Por isso, nesta assembleia dos justos imortais não entram pecadores.
Salmos
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