Mc 9

From Biblia: Os Quatro Evangelhos e os Salmos
Revision as of 18:53, 23 December 2019 by Bibliacep (talk | contribs)
(diff) ← Older revision | Latest revision (diff) | Newer revision → (diff)
Jump to navigation Jump to search
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

1E dizia-lhes: «Amen vos digo: alguns dos que aqui estão não provarão a morte[1], até que vejam o reino de Deus chegar com poder».


Transfiguração de Jesus (Mt 17,1-9; Lc 9,28-36) – 2Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e fê-los subir, a sós, a um alto monte. Transfigurou-se, então, diante deles: 3as suas vestes tornaram-se resplandecentes, tão brancas que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. 4Apareceu-lhes, então, Elias com Moisés; estavam a conversar com Jesus.

5Em resposta, Pedro disse a Jesus: «Rabi, que bom é nós estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias». 6Na verdade, não sabia o que havia de responder, pois estavam com muito medo. 7Surgiu, então, uma nuvem que os cobriu de sombra, e da nuvem surgiu uma voz: «Este é o meu Filho amado: escutai-o!».8Mas de repente, olhando em redor, já não viram ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. 9E, enquanto eles desciam do monte, admoestou-os para que não contassem a ninguém o que tinham visto, senão quando o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. 10Eles retiveram para si estas palavras, debatendo o que seria ressuscitar dos mortos.


O regresso de Elias (Mt 17,10-13) – 11E interrogavam-no, dizendo: «Porque dizem os doutores da lei que é necessário que Elias venha primeiro?». 12Ele disse-lhes: «Elias, de facto, ao vir primeiro, restaura todas as coisas[2]; mas, então, como é que está escrito acerca do Filho do Homem que há de sofrer muito e ser desprezado[3]? 13Mas digo-vos que também Elias veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, tal como está escrito acerca dele»[4].


Cura de um jovem endemoniado (Mt 17,14-21; Lc 9,37-42) – 14Ao irem ter com os discípulos, viram uma numerosa multidão à sua volta e uns doutores da lei a debater com eles. 15E imediatamente toda a multidão, ao vê-lo, ficou estupefacta e correu a saudá-lo. 16Ele interrogou-os: «O que estais a debater com eles?». 17Respondeu-lhe alguém da multidão: «Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo. 18Quando se apodera dele, atira-o ao chão, e ele começa a espumar, range os dentes e fica rígido. Disse aos teus discípulos que o expulsassem, mas não foram capazes». 19Ele, em resposta, disse-lhes: «Ó geração descrente! Até quando estarei junto de vós? Até quando vos hei de suportar? Trazei-mo». 20E eles levaram-lho. Ao vê-lo, imediatamente o espírito sacudiu com violência[5] o menino, que, caindo por terra, se revolvia espumando. 21Interrogou, então, o pai dele: «Há quanto tempo isto lhe acontece?». Ele disse: «Desde a infância. 22E muitas vezes o lançou também ao fogo e à água, para o matar. Mas se podes fazer alguma coisa, ajuda-nos, compadece-te de nós!». 23Jesus disse-lhe: «Se podes? Tudo é possível àquele que acredita». 24Imediatamente o pai do menino, bradando, dizia[6]: «Acredito! Ajuda-me na minha falta de fé!». 25Ao ver que uma multidão acorria em massa, Jesus repreendeu severamente o espírito impuro, dizendo-lhe: «Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: sai dele e nunca mais entres nele». 26Então, gritando e sacudindo-o com violência, o espírito saiu. E o menino ficou como morto, a ponto de muitos dizerem que tinha morrido. 27Mas Jesus, agarrando-lhe a mão, levantou-o, e ele pôs-se de pé.

28Quando Ele entrou em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe, a sós: «Porque não conseguimos nós expulsá-lo?». 29Disse-lhes: «Este género de espíritos[7] de modo nenhum se consegue expulsar, a não ser com oração»[8].


Segundo anúncio da paixão e ressurreição (Mt 17,22s; Lc 9,43b-45) – 30Saindo dali, caminharam através da Galileia, mas Jesus não queria que ninguém o soubesse, 31pois ensinava os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens; matá-lo-ão, e, tendo sido morto, três dias depois ressuscitará». 32Eles, porém, não compreendiam tal coisa e tinham medo de o interrogar.


Discussão entre os discípulos: quem é o maior (Mt 18,1-5; Lc 9,46-48) – 33Foram, então, para Cafarnaum. E, estando em casa, interrogou-os: «O que discutíeis no caminho?». 34Eles ficaram calados, pois tinham discutido uns com os outros no caminho[9] sobre quem era o maior. 35Sentando-se, então, chamou os Doze e disse-lhes: «Se alguém quer ser o primeiro, será o último de todos e servidor de todos». 36E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes: 37«Aquele que acolher uma destas crianças em meu nome, é a mim que acolhe; e aquele que me acolher, não me acolhe a mim, mas àquele que me enviou».


Uso do nome de Jesus (Lc 9,49s) – 38Disse-lhe João: «Mestre, vimos alguém a expulsar demónios em teu nome e tentámos impedi-lo, porque não nos segue». 39Mas Jesus disse: «Não o impeçais, pois ninguém fará uma ação poderosa em meu nome e poderá logo de seguida dizer mal de mim; 40quem não é contra nós, é a nosso favor. 41Pois aquele que vos der de beber um copo de água por serdes de Cristo[10], amen vos digo: jamais perderá a sua recompensa.


A gravidade dos escândalos (Mt 18,6-9; Lc 17,1s) – 42E aquele que for motivo de escândalo para um destes pequeninos que acreditam em mim[11], melhor seria para ele se lhe atassem uma mó de moinho[12] à volta do pescoço e fosse lançado ao mar.

43Se a tua mão for para ti motivo de escândalo, corta-a; é melhor para ti entrar estropiado na vida do que, tendo as duas mãos, ir para a Geena, para o fogo que não se apaga[13]. [44][14].

45Se o teu pé for para ti motivo de escândalo, corta-o; é melhor para ti entrar coxo na vida do que, tendo os dois pés, ser lançado na Geena. [46].

47Se o teu olho for para ti motivo de escândalo, deita-o fora; é melhor para ti com um só olho entrar no reino de Deus, do que, tendo dois olhos, ser lançado na Geena, 48onde o verme deles não morre e o fogo não se apaga[15].

49De facto, todos serão salgados pelo fogo[16]. 50O sal é bom; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros».



  1. Provar a morte é uma expressão que não se encontra no AT, mas nos paralelos de Mt 16,28 e Lc 9,27, em Jo 8,52 e Hb 2,9, e na primeira sentença (lógion) do apócrifo Evangelho de Tomé: Quem encontrar a interpretação destas palavras não provará a morte.
  2. Cf. Ml 3,23s, sobre a vinda de Elias antes do Dia do Senhor.
  3. Refere-se à Escritura no seu conjunto, pois nenhuma passagem específica refere o sofrimento do Filho do Homem; nem os salmos do Justo sofredor (por ex.: Sl 22; 41; 69), nem as passagens sobre o Servo sofredor do Deutero-Isaías (Is 50,4-9; 52,13-53,12) usam a expressão filho do homem.
  4. Refere-se a João Batista, embora em nenhuma passagem da Escritura se fale sobre o sofrimento do Elias escatológico; apenas 1Rs 19,1s.10.14 fala da perseguição que Elias, tal como João, sofreu por parte do rei Acaz e da esposa Jezabel.
  5. Lit.: partiu em pedaços.
  6. Alguns mss. acrescentam com lágrimas.
  7. De espíritos é acrescento da tradução.
  8. Vários mss. acrescentam e jejum.
  9. Alguns mss. não apresentam no caminho por ser uma redundância, que, no entanto, parece propositada, tendo em conta a importância da expressão (cf. 8,33 nota; 1,12 nota).
  10. Lit.: um copo de água, no [meu] nome porque sois de Cristo.
  11. Em mim está ausente de alguns mss..
  12. Lit.: uma mó de jumento; refere-se às mós de moinho movidas pelos jumentos.
  13. Geena é usada em Mc apenas nesta perícope (vv. 43.45.47). A palavra é resultado da evolução do hebraico  ben-hinnom que significa Vale do Filho de Hinnom, localizado a sul de Jerusalém. A sua ligação com o fogo explica-se, segundo alguns, por aí se encontrarem os fornos para cozer barro (Jr 19,2) ou, segundo outros, por ser a lixeira de Jerusalém, onde o fogo consumia continuamente os detritos (e por isso não se apaga). Na literatura intertestamentária, a Geena é contraposta ao paraíso das delícias (4Esd 7,36; 1Hen 90,26s).
  14. Os vv. 44 e 46 não se encontram nos melhores testemunhos do texto; reproduzem o v. 48, por influência do qual parece terem entrado em alguns mss..
  15. Cf. Is 66,24. Verme deles refere-se aos cadáveres de que fala Isaías.
  16. V. enigmático. Não se trata do fogo referido no v. anterior, mas de um fogo escatológico. A imagem parece fazer referência aos sacrifícios do AT: Lv 2,9-10,13; cf. Ez 43,24. O sentido poderá ser: tal como algumas vítimas eram salgadas para serem oferecidas a Deus, assim todos os homens o serão pelo fogo escatológico.



Capítulos

Mc 1 Mc 2 Mc 3 Mc 4 Mc 5 Mc 6 Mc 7 Mc 8 Mc 9 Mc 10 Mc 11 Mc 12 Mc 13 Mc 14 Mc 15 Mc 16