Jo 11

From Biblia: Os Quatro Evangelhos e os Salmos
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VI
PEREGRINAÇÃO PARA A TERCEIRA
E DERRADEIRA PÁSCOA
(11,1-12,50)[1]


Ressurreição de Lázaro – 1Ora, estava doente um certo homem, Lázaro de Betânia, da povoação de Maria e de Marta, sua irmã. 2Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com bálsamo e lhe tinha secado os pés com os seus cabelos[2]. Era o seu irmão Lázaro que estava doente. 3As irmãs mandaram, então, dizer-lhe: «Senhor, eis que aquele de quem és amigo[3] está doente». 4Ouvindo isto, Jesus disse: «Esta doença não leva à morte, mas é para a glória de Deus, para que por meio dela seja glorificado o Filho de Deus»[4]. 5Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro. 6Quando ouviu que estava doente, permaneceu ainda dois dias no lugar onde estava.

7Depois disto, disse aos discípulos: «Vamos novamente para a Judeia». 8Disseram-lhe os discípulos: «Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e vais novamente para lá?». 9Respondeu Jesus: «Não são doze as horas do dia? Se alguém caminhar durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; 10mas se alguém caminhar durante a noite, tropeça, porque a luz não está nele». 11Depois de lhes dizer estas coisas, disse-lhes isto[5]: «Lázaro, o nosso amigo, adormeceu. Mas vou, para o despertar». 12Disseram-lhe os discípulos: «Senhor, se adormeceu, há de salvar-se». 13Ora, Jesus tinha falado da morte de Lázaro[6], mas eles pensaram que estivesse a falar do adormecimento do sono. 14Então disse-lhes Jesus com clareza: «Lázaro morreu! 15E alegro-me, por vós, que não estivesse lá, para que acrediteis. Mas vamos ter com ele». 16Disse, então, Tomé, o chamado Dídimo[7], aos condiscípulos: «Vamos também nós, para morrermos com Ele».

17Ora, quando chegou, Jesus encontrou-o há já quatro dias no sepulcro. 18Betânia ficava perto de Jerusalém, cerca de quinze estádios[8], 19e muitos judeus tinham vindo ter com Marta e Maria, para as confortar por causa do irmão. 20Quando Marta ouviu que Jesus estava a chegar, foi ao seu encontro. Maria, porém, ficou sentada em casa. 21Disse, então, Marta a Jesus: «Senhor, se estivesses aqui, o meu irmão não teria morrido. 22Mas, também agora, sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to dará». 23Disse-lhe Jesus: «O teu irmão ressuscitará». 24Disse-lhe Marta: «Sei que ressuscitará na ressurreição, no último dia». 25Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida; quem acredita em mim, ainda que morra, viverá; 26e todo aquele que vive e acredita em mim jamais morrerá para sempre. Acreditas nisto?»[9]. 27Disse-lhe ela: «Sim, Senhor, eu acredito que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo».

28Tendo dito isto, retirou-se e chamou Maria, sua irmã, dizendo-lhe em segredo: «O Mestre está aqui e chama-te». 29Quando ela ouviu isto, levantou-se depressa e foi ter com Ele. 30Jesus ainda não tinha chegado à povoação, mas estava ainda no lugar aonde Marta tinha ido ao seu encontro. 31Então os judeus que estavam com ela em casa e a confortavam, ao verem Maria levantar-se tão depressa e sair, seguiram-na, pensando que fosse ao sepulcro, para ali chorar.

32Quando Maria chegou aonde Jesus estava, ao vê-lo, caiu a seus pés, dizendo-lhe: «Senhor, se estivesses aqui, o meu irmão não teria morrido». 33Então Jesus, quando a viu chorar, e os judeus, que com ela tinham vindo, também a chorar, comoveu-se profundamente e ficou perturbado. 34E disse: «Onde o pusestes?». Disseram-lhe: «Senhor, vem e vê». 35Jesus chorou[10]. 36Diziam, então, os judeus: «Vede como era seu amigo!»[11]. 37Mas alguns deles disseram: «Então ele, que abriu os olhos do cego, não podia ter feito com que ele não morresse?».

38Jesus, de novo profundamente comovido, foi ao sepulcro. Era uma gruta e tinha sido colocada uma pedra contra ela. 39Disse Jesus: «Tirai a pedra». Disse-lhe Marta, a irmã do defunto: «Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que está aqui». 40Disse-lhe Jesus: «Não te disse que, se acreditares, verás a glória de Deus?». 41Tiraram, então, a pedra. Jesus levantou os olhos para alto e disse: «Pai, dou-te graças, porque me ouviste. 42Eu sabia que sempre me ouves, mas disse-o por causa da multidão que me rodeia, para que acreditem que Tu me enviaste». 43Tendo dito isto, clamou com voz forte: «Lázaro, vem para fora!»[12]. 44O morto saiu, com as mãos e os pés enfaixados com ligaduras, e o seu rosto estava envolvido num sudário. Disse-lhes Jesus: «Desatai-o e deixai-o ir».


O Sinédrio decide a morte de Jesus[13] 45Então, muitos dos judeus que tinham vindo ter com Maria, ao verem o que fizera, acreditaram nele. 46Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus fizera.

47Os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram, então, o sinédrio e diziam: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza muitos sinais? 48Se o deixarmos assim, todos acreditarão nele; virão os romanos e destruirão o nosso lugar santo[14] e a nossa nação». 49Mas um deles, Caifás, que era sumo-sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não percebeis nada! 50Não compreendeis que é melhor para vós que morra um só homem pelo povo e não pereça toda a nação?». 51Não disse isto por si mesmo, mas, sendo sumo-sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava prestes a morrer pela nação. 52E não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus dispersos.

53Assim, a partir desse dia, deliberaram que o iriam matar. 54Por isso, Jesus já não andava publicamente entre os judeus, mas partiu dali para a região próxima do deserto, para uma cidade chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos.

55Ora, estava próxima a Páscoa dos judeus e, da região, muitos subiram a Jerusalém, antes da Páscoa, para se purificarem. 56Procuravam, então, Jesus e diziam uns aos outros, enquanto estavam no templo: «Que vos parece? Não virá para a festa?». 57Os chefes dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordens para que, se alguém soubesse onde Ele estava, o indicasse, para o prenderem.



  1. 11,1-12,50 é uma secção de transição entre o Livro dos Sinais, concluído com um balanço da vida pública de Jesus (12,37-43), e o Livro da Hora da Peregrinação Gloriosa para o Pai (13,1-20,29), que acontece no contexto da peregrinação de Jesus para a celebração da Páscoa derradeira. A viagem é antecipada pela morte de Lázaro (11,1), tal como a sua ressurreição antecipa e ilumina a morte e ressurreição de Jesus.
  2. Episódio narrado apenas em 12,3, mas referido antecipadamente talvez porque a comunidade já o conhecia quando o evangelho foi escrito.
  3. Tradução de philéō para o distinguir de agapáō (amar).
  4. A morte e revivificação de Lázaro confirmam o que Jesus dissera acerca do poder que tem sobre a sua própria vida e a morte (10,18), bem como o de conceder a vida divina (10,10); o episódio é uma antecipação da hora da glorificação de Jesus, que acontecerá na sua morte e ressurreição (cf. 12,23ss).
  5. Lit.: Disse-lhes estas coisas e depois disto disse-lhes.
  6. Lit.: da morte dele.
  7. To'ma' em aramaico, e Dídymos em grego, significam gémeo.
  8. C. 3 quilómetros.
  9. Cf. v. 4 nota. A pergunta a Marta é feita também ao leitor, que no batismo recebeu a vida divina.
  10. Embora sublinhe fortemente a natureza divina de Jesus, Jo não deixa de recordar ao leitor que Jesus é verdadeiramente homem: como Filho de Deus ressuscitará Lázaro, como ser humano comove-se com a morte do amigo e o sofrimento de Marta e Maria.
  11. Tradução de philéō para o distinguir de agapáō (amar).
  12. Tal como na Criação (Gn 1,3ss), a Palavra é de tal maneira poderosa que basta ser pronunciada para realizar o que significa (Jo 1,2).
  13. Cf. Mt 26,57-68; Mc 14,53-65; Lc 23,66-71.
  14. Santo é acrescento da tradução por se tratar do templo (cf. Mt 24,15).




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